Em meio ao entusiasmo com o surgimento do ChatGPT, a Inteligência Artificial (IA) mostra que além de útil, pode ser revolucionária. O setor de tecnologia catarinense tem investido com força em soluções inovadoras usando IA. É o caso da Senior Sistemas, que desenvolve softwares para empresas das mais diversas áreas. A empresa de Blumenau começou a usar a IA associada aos programas que já tinha, para gestão empresarial, monitoramento de frotas e fretes, entre outros, com foco em aumentar a eficiência.
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O faturamento do setor cresceu 18,7% no primeiro semestre de 2023, conforme dados da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidoras (Abad), números que podem ser ainda melhores com investimentos em tecnologias para gestão, destaca Joelma Vieira, head de Produto para o Atacado e Distribuição na Senior Sistemas.
– Hoje o consumidor final está superconectado, tem diferentes canais que podem fazer compras. Por exemplo, ele faz compras em e-commerce, lojas físicas, através de um distribuidor. Então a nossa ideia foi trazer a IA para dentro dos softwares para melhorar os dados, históricos das vendas, das compras, do giro de estoque, previsão de demanda, entre outros – explica a especialista da empresa de Blumenau.
Entre as soluções integradas com Inteligência Artificial que a Senior Sistemas oferece estão telas com gráficos e dados já analisados. Esses insights ajudam as empresas que contratam a tecnologia para tomar decisões com base em informações comprovadas. Outra solução clássica é o Chatbot.
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– Os nossos chatbots são treinados para responder perguntas de maneira muito frequente. Eles utilizam a nossa linguagem natural. E aí a gente garante um atendimento mais rápido ao consumidor, além de trazer as respostas de forma que ele entenda as nossas jornadas dentro dos softwares – explica Joelma.
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O vice-presidente de marketing da Acate, Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Walmoli Gerber Jr., diz que as pessoas e empresas devem focar em como a Inteligência Artificial pode ajudar:
– Não creio que seja algo tão assustador. Ela vai mudar uma série de profissões, sim, mas também vai ajudar a criar outras, como quase todas as inovações tecnológicas que vieram antes. O recado que costumo dar é: precisamos aprender a usar a Inteligência Artificial o mais rápido possível onde ela ajuda no nosso dia a dia.
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De olho nas tendências mundiais, startups catarinenses têm se destacado com soluções inovadoras usando Inteligência Artificial nos últimos anos para resolver problemas de segurança, turismo e até melhorar exames de mamografia. A coleta e análise de dados tem sido um desafio para o setor de turismo, o que, consequentemente, dificulta a criação de estratégias e melhorias.
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Com uso de vários tipos de tecnologia – Inteligência Artificial, QR Code, Internet das Coisas, entre outras – a startup Smart Tour, lançada em 2018, tem ajudado a coletar e traduzir essas informações para os gestores públicos, como prefeituras e secretarias de turismo, além de outros órgãos que tomam decisões na área.
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Uma das formas utilizadas pela empresa para coletar os dados é por meio dos “beacons”, aparelhos que ficam dentro de placas espalhadas por pontos turísticos de uma cidade. Ao apontar o celular para o QR Code, o turista recebe conteúdo, como curiosidades sobre o local, e o “beacon” coleta os dados da pessoa. Em Florianópolis, a tecnologia está em 17 pontos.
Outro meio utilizado para conseguir informações dos visitantes é por meio de geolocalização, por aplicativos usados pelas pessoas. É importante destacar que a empresa não coleta dados pessoais sensíveis. Não há interesse em saber quem é aquela pessoa, somente mapear o fluxo e comportamento dos turistas, como os valores que são gastos, de onde as pessoas vêm, como elas chegaram à cidade, quantos dias vão ficar aqui, entre outros, explica Jucelha Carvalho, fundadora da Smart Tour.
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Fundada em 2018, a startup começou a utilizar Inteligência Artificial no ano passado, com o objetivo de traduzir as informações coletadas aos gestores.
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– Até o ano passado, quando começamos a implementar a IA, a gente entregava só as informações para o gestor. Só que os gestores não sabiam olhar para os dados e transformar isso em ações efetivas. Quando a IA entrou, isso ficou mais fácil, porque o sistema especialista começou a analisar. Você consegue hoje entender de uma forma simples e prática o que todos esses dados estão falando – explica Jucelha.
A Inteligência Artificial é capaz de detectar problemas públicos, sugerir ações de melhoria e identificar padrões e tendências nos destinos monitorados. Isso possibilita a tomada de ações para melhorar a infraestrutura e os serviços turísticos. O sistema da Smart Tour está integrado à API do GPT-4 da OpenAI, uma das tecnologias mais avançadas na área.
Startups de SC desenvolvem tecnologias inovadoras
De acordo com a fundadora, é um sistema complexo, do ponto de vista de arquitetura, mas é simples na ponta: chega para o gestor de forma muito clara. A startup já monitora mais de 1 mil pontos turísticos no Brasil em 135 cidades. Em SC, atua em Florianópolis, Urubici, Mafra e Jaraguá do Sul.
A startup Aquila nasceu em 2019, em Florianópolis, para solucionar um problema específico de clínicas de imagem e hospitais: a falta de precisão dos exames de mamografia, que acabam gerando muitos resultados falsos negativos. O objetivo dos três fundadores, Rodrigo Greco, Fernando Peixoto e Aron Belfer, foi criar uma inteligência artificial para garantir que as técnicas e máquinas de mamografia façam um exame bem-feito.
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– Começamos fazendo uma ferramenta de apoio ao diagnóstico, mas vimos que não adianta ter um bom diagnóstico sem uma imagem bem feita, e como não tinha nada nessa área decidimos fazer – relata o co-fundador Rodrigo Greco.
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Posicionamento errado e uma pressão ou muito alta ou muito baixa, fazem com que os radiologistas, profissionais responsáveis pelos exames, percam até 26% da sensibilidade.
– Quase um terço dos problemas não é causado por um radiologista, mas por uma imagem mal feita. E isso acontece muito. Erros de posicionamento são muito frequentes em clínicas e hospitais – explica.
Conheça detalhes das tecnologias desenvolvidas em SC:
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Os desafios de ser uma empresa de Inteligência Artificial
Ao contrário de outras startups, que foram criadas com objetivo de resolver um problema de uma área específica, a Deconve nasceu em 2017, em Florianópolis, com o objetivo de ser uma empresa de Inteligência Artificial. Os fundadores, Rodrigo Tessari e Hermeson Barbosa da Costa, perceberam que a tecnologia tinha um futuro promissor, e desenvolveram soluções que hoje são usadas por grandes empresas catarinenses, como a Havan e o Grupo Almeida Júnior.
– A gente começou a ver a possibilidade desse tipo de tecnologia ser empregada na indústria brasileira em diferentes setores: tanto na indústria pesada quanto no varejo. Vimos que isso era uma tendência nos países mais desenvolvidos, principalmente China, Estados Unidos e Europa, mas o Brasil estava um pouco atrasado, tinha poucas empresas que desenvolviam soluções na prática – relata Tessari.
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A primeira solução foi desenvolvida para coletar dados do mundo físico a partir de câmeras de vídeo, ajudando na estratégia de diversos tipos de negócios. Em uma linguagem simples, programas de computadores ensinam as câmeras de videomonitoramento a enxergar como se fossem humanos, e com isso elas conseguem extrair algumas informações da imagem.
– Nosso programa permite que as câmeras identifiquem uma pessoa na cena e realizem a contagem de quantas pessoas entraram e saíram do ambiente. Isso pode ser usado no varejo físico para saber o fluxo de visitante numa loja. Esse é o nosso foco, agregar a inteligência de analytics para sistemas de videomonitoramento que já existem – explica Tessari.
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Em 2019, a solução foi comprada pelo grupo Almeida Júnior, que tem seis shoppings centers em Santa Catarina. A partir dessa primeira parceria, a startup começou a desenvolver outras tecnologias, com foco no varejo físico.
A mais recente solução desenvolvida tem o objetivo de diminuir os prejuízos financeiros das lojas evitando fraudes. Através do reconhecimento facial é possível verificar, por exemplo, se a pessoa que está fazendo o pagamento não está usando o cartão de outra pessoa. Essa tecnologia começou a ser utilizada pela Havan.
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