Na última semana, eventos climáticos extremos atingiram simultaneamente várias regiões do Brasil. Ao mesmo tempo em que Santa Catarina é atingida por altos volumes de chuva, o Sudeste e o Centro-Oeste enfrentam uma onda de calor e o Norte e o Nordeste amargam uma estiagem.

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Mas, afinal, o que está por trás desses eventos? O El Niño, apesar de ser um fenômeno natural que ocorre periodicamente, neste ano está sendo potencializado pela crise climática, cuja causa principal é o aquecimento global.

Conforme a professora de Oceanografia Física na UFSC, Regina Rodrigues, um El Niño “normal” costuma implicar em chuvas acima da média no Sul, durante a primavera; calor no Sudeste, no verão; e seca no Norte e Nordeste, também no verão. Neste ano, todos esses eventos estão ocorrendo juntos, já na primavera.

— Nós estamos tendo tudo acontecendo ao mesmo tempo pela combinação do El Niño com as mudanças climáticas. No passado, não acontecia tudo de uma vez só, e tão intensamente.

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A principal causa para a intensidade do El Niño deste ano é o aumento da temperatura da atmosfera. Como já apontou a Organização Meteorológica Mundial (OMM), é provável que 2023 termine sendo considerado o ano mais quente já registrado, num período de 125 mil anos.

— Quando a atmosfera está mais quente, ela carrega mais umidade. Então, uma tempestade que ocorria há 30 anos não tinha a mesma quantidade de água que tem hoje. A chuva é muito mais torrencial, porque quanto maior o contraste de temperatura de uma massa de ar frio com uma massa de ar quente, mais violento é o vento. E isso também aumentou.

Gases de efeito estufa

Segundo a OMM, a queima de combustíveis fósseis é a principal causa das emissões de gases do efeito estufa no mundo e representa 70% do problema global. No Brasil, 75% das emissões até 2022 foram causadas pelo desmatamento, 50% foram efeitos da agricultura e 25% da pecuária.

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— Nós estamos já há quatro meses com temperaturas acima da média e batendo recordes. Foram os meses mais quentes da história da medição da OMM, não só globalmente, mas também aqui no Brasil — aponta a meteorologista Andrea Ramos, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Com isso, a população terá que se acostumar com uma maior incidência de eventos climáticos extremos.

— Incêndios, secas, ondas de frio, chuvas em excesso, isso tudo é reflexo do que já estamos vivenciando. Independente de acreditar ou não nas mudanças climáticas, o fato é que temos que conviver com essa tendência — completa a meteorologista.

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