Especialistas apontam que, sem perceber, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, está contribuindo para a aproximação dos países do Brics ao impor tarifas de importação particularmente altas contra eles. As informações são do g1.

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Nesta quarta-feira (27), a Índia viu as taxas de importação norte-americanas contra os produtos do país subir para 50%. Metade desta alíquota é uma “punição” pelo fato de o país comprar petróleo russo.

O Brasil também corre o risco de uma tarifa geral de importação de 50%, como forma de pressionar o país a pôr um fim ao julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump.

Mesmo que vários produtos brasileiros tenham “escapado” do tarifaço, entrando em uma lista de exceções, o país está sujeito a uma das maiores alíquotas do mundo no tarifaço da Casa Branca.

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Já a China, maior membro do Brics, ainda corre o risco de enfrentar uma tarifa de 145% caso não chegue a um acordo com os EUA. A África do Sul recebeu uma tarifa de 30%.

Até os membros mais novos, incorporados na recente expansão do Brics, como o Egito, podem ver as tarifas destinadas aos países aumentarem devido à participação no grupo.

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Desde o início do mandato, o republicano vem falando sobre aplicar punições adicionais contra qualquer nação que se alinhe com o que ele chama de “políticas antiamericanas” — referência direta ao crescente desafio que o Brics representa ao domínio mundial dos EUA.

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Trump incentiva Brics com tarifaço, dizem especialistas

Para o ex-servidor do órgão de comércio externo do Índia (ITdS, na sigla em inglês), Ajay Srivastava, os países do Brics se sentem “pouco intimidados” sendo alvo de penalidades adicionais por parte de Trump.

À DW, jornal de notícias e análises de assuntos alemães e internacionais, ele disse que as tarifas “dão ao Brics um incentivo comum para reduzir sua dependência dos EUA, mesmo que suas agendas divirjam”.

Uma reportagem do jornal alemão FAZ informou, ainda, que Trump fez quatro ligações telefônicas para o premiê da Índia, Narendra Modi, nas últimas semanas. Todas foram ignoradas.

Uma das consequências das tarifas punitivas da Casa Branca é uma queixa comum entre os membros do Brics, que agora expandem acordos comerciais bilaterais em moedas nacionais para reduzir a dependência do dólar americano.

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Pix é alvo de investigação comercial dos EUA, mas não pode ser taxado por Trump

Os bancos centrais do Brics aumentaram as compras de ouro, o que pode sinalizar o desejo de dar menos peso ao dólar nas próprias reservas.

No início do mês, o presidente Lula disse que iria buscar uma resposta conjunta do Brics ao tarifaço de Trump.

Após uma declaração de Trump que dizia que “o Brics está morto”, um pesquisador acusou o presidente dos EUA de “negligência estratégica”. De acordo com o estudioso, o americano transformou uma coalizão de países com objetivos muito diferentes em um bloco mais unificado.

Já Max Boot, membro sênior do Conselho de Relações Exteriores (CFR, na sigla em inglês), em um artigo recente para o jornal Washington Post, disse que Trump estava “diminuindo o poder dos EUA ao unir de forma perversa amigos da América com nossos inimigos”. No momento, Brasil, África do Sul e Índia se alinham mais estreitamente com China e Rússia.

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*Sob supervisão de Giovanna Pacheco

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