Seja porque não há pudores nas ameaças golpistas, seja porque elas servem muito bem aos propósitos de desviar o foco da inflação exorbitante e da renda em queda livre, o tumulto provocado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) nas próximas eleições já não é mais hipótese, mas fato. E com vergonhosa ajuda das forças armadas, que se prestaram ao papel de questionar tecnicamente um sistema eleitoral que – como evidenciaram as respostas do TSE – desconhecem.

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O teatro armado desde antes das eleições de 2018 para questionar a confiabilidade das eleições tem efeito devastador na democracia brasileira – não apenas porque leva o eleitor a desconfiar do sistema de votação e totalização dos votos, mas também porque fabricará uma crise de legitimidade para as instituições e para os próximos governos. Não importa quais sejam os governantes.

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No ano passado, o convite do ministro Luís Roberto Barroso para que as forças armadas integrassem a comissão que discute a transparência do processo eleitoral, numa uma tentativa de blindar o TSE contra os insistentes ataques de Bolsonaro, mostrou-se um erro crasso. A comissão foi o Cavalo de Tróia pelo qual as más intenções contaminaram as eleições brasileiras.

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A esta altura, seria razoável os pré-candidatos em Santa Catarina que disputarão a raia bolsonarista e adjacências irem colocando as barbas de molho e avaliarem o que terão a dizer se Bolsonaro questionar as eleições.

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Entrarão no jogo do ex-capitão e contestarão o resultado – colocando nesse bolo, talvez, a própria eleição? Ou dobrarão a aposta de insanidade dizendo que a suposta fraude nas urnas ocorre somente contra o presidente da República, eleito consecutivamente por 30 anos com urna eletrônica?

Coerência, todos sabemos, nem sempre combina com a política partidária. Mas os valores democráticos são inegociáveis. Ou deveriam ser.

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