A CPI da Covid aprovou, durante depoimento de Luciano Hang nesta quarta-feira (29), um requerimento para que o Ministério Público de Santa Catarina esclareça se tomou alguma providência quanto à prescrição de “tratamento precoce” ou “preventivo” pelas redes sociais, e quanto à distribuição de kit-Covid financiada por empresários em Brusque. O requerimento, de autoria do senador Randolfe Rodrigues, também pede ao Conselho Nacional do Ministério Público que informe se fiscalizou a atuação do MPSC.
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Em nota, a 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Brusque informou que arquivou uma notícia de fato – procedimento preliminar – que apurava a distribuição de medicamentos contra a Covid-19, e vai aguardar a representação da CPI para avaliar se há fatos novos e indícios para um novo procedimento investigatório.
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Brusque não foi um caso isolado em Santa Catarina. Apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter afirmado, em julho de 2020, que a cloroquina e a hidroxicloroquina não deveriam ser usadas contra Covid-19, e de ter feito a mesma recomendação em relação à ivermectina em março de 2021, as duas drogas foram compradas, distribuídas, e tiveram o uso estimulado por empresários e entidades em diversas cidades de Santa Catarina.
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Em muitos municípios, dinheiro público também foi gasto a rodo por prefeitos para comprar milhões de comprimidos que não tinham qualquer eficácia para prevenir ou tratar a Covid-19, e ainda estimulavam o abandono do uso de máscaras e o distanciamento social, aumentando potencialmente o risco de contaminação.
Nunca saberemos quantas pessoas foram vítimas dessa política irresponsável. No entanto, ao que consta, até hoje ninguém responde por isso – nem por provocação do Ministério Público, nem do Tribunal de Contas, que fiscaliza a aplicação do dinheiro público.
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Nos bastidores, a conversa de quem deveria tomar providências sempre apontou para a mesma justificativa: como responsabilizar quem incentivou e promoveu o tratamento ineficaz, se as entidades médicas brasileiras e catarinenses corroboraram com o tratamento precoce?
O fato é que, diante das evidências trazidas pela ciência, os órgãos de controle tinham o dever de zelar pelas pessoas e não o fizeram. Ainda estão em tempo de agir. Caso contrário, a história da pandemia em Santa Catarina terá que contar como algumas entidades médicas, empresas e órgãos fiscalizadores colaboraram para que o negacionismo se espalhasse em forma de comprimidos e fórmulas prontas, que só serviram para iludir os incautos.
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