O momento mais simbólico e comentado da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi coordenado por uma catarinense. A jornalista Lucimara Cardozo, assessora da deputada eleita Ana Paula Lima (PT), foi escalada pela equipe de Janja para organizar a subida da rampa do Palácio do Planalto e a entrega da faixa, feita por um grupo de representantes do povo brasileiro. Uma tarefa que foi tratada como “missão secreta” do início ao fim.
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Até poucos minutos antes da solenidade, além de Lucimara, apenas Lula, Janja, o embaixador Fernando Igreja, que era o responsável pelo cerimonial, um secretário do Itamaraty, a assessoria da primeira-dama, o fotógrafo do presidente, Ricardo Stuckert, e uma parte da equipe de segurança sabiam como seria a entrega da faixa.
Como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) viajou para os Estados Unidos, e o vice, Hamilton Mourão, também se negou a cumprir o rito democrático, o papel coube ao grupo que incluiu o cacique Raoni, a catadora de recicláveis Aline Sousa, o operário Weslley Rodrigues, o artesão Flávio Pereira, o influencer Ivan Baron, a cozinheira Jucimara dos Santos e o pequeno Francisco, de 10 anos, representando os cidadãos brasileiros.
A escolha de Lucimara para operar o ato foi feita pela assessora pessoal de Janja, a também jornalista Neudi Neres. As duas se conheceram e ficaram próximas ainda durante o período de vigília em Curitiba (PR), enquanto Lula estava preso. A relação de confiança fez com que Lucimara fosse escolhida por Neudi para conduzir e auxiliar Janja no dia da soltura de Lula, em novembro de 2019, quando ela foi vista ao lado do presidente pela primeira vez.
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Na quinta-feira, 29 de dezembro, quando Lucimara chegou a Brasília para acompanhar a posse com Ana Paula e Décio Lima, ela foi avisada por Neudi, por telefone, que estava sendo convocada para uma missão.
-Eu participaria como convidada, assessorando a Ana (Paula Lima, deputada federal). Na quinta, ela (Neudi) me ligou e disse: tenho uma tarefa para você, é uma missão secreta e não posso falar por telefone – conta.
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A primeira reunião ocorreu no dia seguinte, no hotel onde Lula e Janja estavam hospedados em Brasília. Foi explicado a Lucimara que um grupo de pessoas havia sido escolhido para entregar a faixa a Lula, e que a organização do ato seria sua responsabilidade.
A partir daí, com o auxílio do secretário da Embaixada, Márcio Guimarães, a jornalista catarinense cuidou da logística e – principalmente – do sigilo do ato. Entre as tarefas estava o contato prévio com os convidados, por telefone, e encontrar uma sala alternativa, no Palácio do Planalto, onde o grupo ficaria recluso até a hora de subir a rampa. Isso envolvia utilizar um elevador privativo, e utilizar um andar que estava vazio.
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Quando entrei na van onde eles estavam, no domingo, perguntei o que eles achavam que iriam fazer. Disseram que iriam ver o presidente Lula. Perguntei quem eles imaginavam que entregaria a faixa ao Lula, e eles achavam que era a (ex-presidente) Dilma.
A cerimônia de posse já estava em andamento quando a verdade foi revelada ao grupo.
-Expliquei que era um momento único, importante, e seria inesquecível na vida deles. Márcio Guimarães falou que seria a Aline quem entregaria a faixa, e ela ficou em prantos. Eu também.
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Quando foi dado o sinal, Lucimara seguiu com o grupo para a base da rampa do Palácio. A ideia era que o grupo caminhasse em meia lua, atrás do presidente. Mas Lula quebrou o protocolo e decidiu subir de mãos dadas com os convidados. No topo, havia uma marcação de lugares para indicar onde cada um ficaria na hora de passar a faixa.
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-Eu também subia rampa, tem noção disso? Chorei muito. Nem minha mãe consegue acreditar. Meu celular vibrava, eu pensei que estivesse acontecendo alguma coisa errada, mas eram pessoas que tinham me visto pela transmissão e estavam mandando mensagens.
A tarefa de Lucimara só encerrou quando, a cerimônia acabou. Alguns dos participantes permaneceram na Embaixada, outros preferiram voltar para casa.
-Foi lindo, as pessoas estavam felizes e agradecidas porque fizemos de uma maneira diferente. É um momento que ficará para a história, levar as pessoas pela mão é como o Lula gostaria que fosse – diz.
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