O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prestou-se a um papel deprimente ao convocar uma coletiva de imprensa com conteúdo antivacinas para explicar o inexplicável: por que o governo determinou a suspensão da vacinação dos adolescentes sem comorbidades se ela tem o aval da Anvisa, já foi feita em diversos países no mundo, e o governo alega ter doses suficientes. Queiroga plantou a dúvida entre milhares de pais, rasgou o diploma de médico e assumiu de vez a condição de soldado do bolsonarismo.

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À primeira vista, pareceu que a suspensão era uma resposta a um evidente problema de logística no âmbito federal. A Pfizer, vacina dos adolescentes, tem servido como estepe nos estados onde estão faltando vacinas da AstraZeneca para segunda dose, e também é usada para reforço de vacinação dos idosos. Se faltam vacinas, tem problema aí. Diante disso, o próprio Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) havia solicitado, dias antes, que o Ministério priorizasse a dose de reforço dos grupos mais vulneráveis, para só então avançar entre os adolescentes. Mas não foi isso o que fez Queiroga.

A fala do ministro na coletiva de imprensa e mais tarde, na live com o presidente Jair Bolsonaro, mostrou que a resposta para seu posicionamento está na lógica do quartel, que não saiu do Ministério da Saúde: um manda, o outro obedece. Bolsonaro tinha “sentimentos” sobre a vacinação dos adolescentes. Queiroga se prestou ao trabalho sujo de colocar em xeque o Programa Nacional de Imunização.

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O barulho fez um estrago enorme e abafou, na quinta-feira, o escândalo que envolve os testes feitos pelo plano de saúde Prevent Sênior, que ocultaram mortes e efeitos adversos relacionados ao uso da hidroxicloroquina. Por meio de um acordo com o governo federal, esses “estudos” foram propagandeados para defender o uso de medicamento não eficaz e potencialmente perigoso contra a Covid-19. Outro assunto empurrado para trás da porta é o mandado de busca e apreensão determinado pelo STF na sede da Precisa, empresa foco de investigações da CPI da Covid em contratos com o governo.

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Adolescentes, em geral, não têm casos graves de Covid-19. Mesmo assim, 1.300 morreram no Brasil só neste ano. Além disso, eles são vetores da doença, ainda que não desenvolvam quadros mais sérios. É sinistro que o ministro da saúde tenha paralisado a vacinação de adolescentes em nome da desconfiança de um presidente antivacinas. Pior ainda que tenha usado a saúde e a vida dos filhos e filhas dos brasileiros como cortina de fumaça para mais um escândalo.

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