A sessão final do impeachment de Carlos Moisés (PSL) contou com uma daquelas ironias que só são proporcionadas pela política. Graças à ordem de votação estabelecida pelo rito do Tribunal de Julgamento do Impeachment, o voto ‘de ouro’, que garantiu ao governador a volta ao cargo, coube justamente ao representante do PT no grupo de julgadores – o deputado Fabiano da Luz.
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Isso ocorreu porque, entre os membros do Tribunal de Julgamento, a votação levou em conta a antiguidade. Votaram antes os deputados com mais tempo na Assembleia Legislativa, e os desembargadores com mais tempo de Tribunal de Justiça. Quando o deputado Fabiano da Luz foi chamado a se manifestar, o placar era de 4 a 3 pelo impeachment de Moisés. Com o voto do petista, não haveria mais chances de que os favoráveis ao impedimento alcançassem o mínimo de dois terços da votação.
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O PT chegou a reunir a executiva e a bancada, dias antes da votação, para definir que lado escolheria. Até mesmo o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que defendeu a ex-presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment, foi chamado. A escolha era uma ‘saia-justa’ para o partido: nem Moisés, nem Daniela, têm qualquer alinhamento ideológico com a esquerda. Ambos foram eleitos por uma corrente antagônica ao PT, na ‘onda’ marcada pela antipolítica e pelo apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
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Mas pesou, na decisão, o histórico do partido, para quem o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff é uma página ainda em aberto. Por unanimidade, os petistas consideraram que votar pelo impedimento de Moisés afetaria a estabilidade democrática. Avaliaram, ainda, que o governador seria mais ‘palatável’ do que a vice – ainda que não haja sinal de aproximação formal.
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Eleito pelo ´17´, que lhe garantiu uma votação recorde e inesperada em 2018, Moisés talvez já possa incluir mais entre seus números da sorte: o ’13’.
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