O Brasil é reconhecido como um país de economia fechada para o mercado mundial, mas quando se olha o setor de serviços, que responde por 70% do Produto Interno Bruto (PIB), isto é, da geração de riqueza, a situação é mais crítica do que os setores da indústria e agronegócio. Atualmente, das 25 milhões de empresas do setor de serviços no Brasil, somente 0,07% têm receita com pelo menos um dólar vindo do exterior.

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A informação é do empresário catarinense Lisandro Vieira, diretor da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) e da Associação Latinoamericana de Exportadores de Serviços (ALES) e o tema foi abordado durante o fórum da ALES realizado no Centrosul, em Florianópolis, nesta terça-feira. O empresário acompanha de perto esse tema também porque é presidente da WTM, empresa de SC que atua em negócios internacionais para serviços, com destaque para softwares.

Lisandro Vieira observa que se Santa Catarina e o Brasil exportassem mais software estariam numa condição melhor hoje com os Estados Unidos porque software e outros serviços que vão por nuvem não estão sendo taxados com o tarifaço de 50%.

– Esperamos mudar essa fraca participação dos serviços nos negócios internacionais do país. Dos 25 milhões de CNPJs do setor, se nós descartarmos 22 milhões de MEIs, microempresas e empresas do Simples com receita de até R$ 4,8 milhões de reais por ano, sobram 3 milhões de CNPJs ativos acima de 4,8 milhões, que seriam as médias e grandes empresas. Se considerarmos só essas, ainda assim somente 0,6% de empresas são exportadoras. O que esperamos com esses debates é melhorar essa média – diz Lisandro Vieira.

Os dados mostram que boa parte dos empresários do setor de serviços se acomoda porque o país tem um grande mercado interno. Mas se a atividade com o exterior fosse mais intensa, o país teria uma economia mais desenvolvida. Para Lisandro Vieira, o ecossistema catarinense poderia exportar muito mais serviços, incluindo software.

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– Ranking internacional recente sobre o nível de conhecimento do idioma inglês mostrou que Santa Catarina é o melhor estado do Brasil e Florianópolis é a melhor cidade. Então, não que esteja maravilhoso, mas nós já temos as condições necessárias para, a partir de Florianópolis, a partir de Santa Catarina, começar a escrever uma nova história do comércio internacional brasileiro com mais exportação de serviços – avalia o diretor da Acate.

No fórum internacional do setor, com lideranças de 20 países, foram discutidos desafios geopolíticos e mudanças tributárias. A representante do Uruguai informou que o país está ingressando na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Por isso, terá que adotar taxação mínima de 15% de imposto de renda para multinacionais.

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