Com o objetivo de fazer a sua parte para ajudar empresas impactadas negativamente pelo tarifaço dos Estados Unidos, a exemplo dos governos federal e estadual, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) lançou nesta quinta-feira um pacote de ajuda às empresas e trabalhadores que chamou de desTarifaço. O conjunto de medidas inclui conversas com lideranças dos EUA para tentar reverter as tarifas de 50%, consultoria gratuita para empresários, cursos gratuitos de qualificação para trabalhadores e apoio para conquistar novos mercados. A entidade prevê investir até R$ 5 milhões nessas ações.
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O presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, que assumiu a presidência da entidade há poucos dias, destaca que os setores mais afetados no estado já estão realizando demissões. O setor de madeira e móveis fechou 581 vagas em julho em Santa Catarina. Os empresários informam à Fiesc que se não houver uma reversão da tarifa de 50%, com uma negociação, suas empresas não poderão mais vender aos Estados Unidos e algumas terão até que fechar, comentou ele. Por isso, uma alternativa defendida por muitos, entre os quais o presidente da Fiesc, é uma negociação direta de presidente para presidente, entre Lula e Donald Trump.

Questionado na entrevista se tem esperança de que o presidente brasileiro busque uma interlocução com o presidente americano, Seleme disse que sim.
– Não vou ser pessimista – comentou o industrial, ao observar que, também em função do trabalho de lobistas, alguns produtos brasileiros podem ter desoneração.
– O empresário foi pego despercebido com o tarifaço. Santa Catarina está em pleno emprego. Isso mostra que a nossa indústria é pujante, temos produtos globalizados, uma matriz de tecnologia voltada para exportação e muitas empresas fazem parte da cadeia produtiva de indústrias americanas. Nós fomos pegos de surpresa com o tarifaço e, então, lançamos o desTarifaço, que é o que a Fiesc pode fazer pelo nosso industrial – afirmou Seleme.
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O economista-chefe da Fiesc, Pablo Bittencourt, destacou medidas legais que já estão em vigor em legislações, especialmente a trabalhista, que podem ser adotadas por empresas atingidas pela tarifa de 50%. Também afirmou que o pacote da Fiesc está em construção.
– O desTarifaço é um plano que não está exatamente finalizado, mas é tudo o que podemos fazer até agora. Não é um plano finalizado porque estamos abertos para ouvir sobre aquilo que ainda possa ser feito, que os empresários nos digam aquilo que ainda pode vir a ser feito, o que pode ser melhorado – destacou o economista-chefe da Fiesc, Pablo Bittencourt.
Na área internacional, a presidente da Câmara de Comércio Exterior da entidade, Maria Teresa Bustamante, destacou a participação do primeiro vice-presidente da entidade, André Odebrechet, na missão da CNI a Washington dias 3 e 4 de setembro, a contratação de lobby para defender a indústria de SC nos EUA e oportunidades de participar em exposição no exterior.
– Estamos com uma missão empresarial ao Paraguai, com 50 empresários para o período de 07 a 10 de setembro. Também estamos articulando com a embaixada do Brasil em Buenos Aires um encontro de negócios, de maneira que nós possamos levar para Buenos Aires um grupo de empresários para que possam começar a fazer uma reaproximação com o setor empresarial argentino. Queremos estimular negociações regionais – disse Maria Teresa Bustamante.
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As medidas incluídas no pacote da Fiesc envolvem todas as entidades da federação. O Instituto Euvaldo Lodi (IEL), com a consultoria para empresários, o Senai e o Sesi para cursos aos trabalhadores da indústria também afetados pelo tarifaço. Em reunião realizada na manhã desta quinta-feira, algumas empresas já anunciaram a contratação de parte desses programas.
Medidas para indústrias afetadas
- Apoio na busca por crédito e benefícios governamentais
- Consultoria para abertura de novos mercados
- Consultoria para adequação de produtos e linhas de produção
- Auxílio na obtenção de bolsistas especializados para reposicionamento
- Consultoria jurídica sobre os recursos da CLT e para negociações sindicais
Medidas para trabalhadores destas indústrias
- Capacitação de funcionários em situação de inatividade
- Recapacitação de trabalhadores demitidos, com vistas aos setores com carência de mão de obra
- Acompanhamento psicológico para recolocação profissional
Ações de articulação institucional
- Escuta ativa da indústria, a partir de pesquisa com exportadores e nas reuniões de suas Câmaras Setoriais e Temáticas.
- Produção de conteúdo de inteligência, a partir de reuniões com especialistas, como Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco dos Brics, e na elaboração de estudos econômicos.
- Estabelecimento de caminhos possíveis de atuação conjunta com sindicatos laborais, visando a preservação da produção e dos empregos.
- Articulação e colaboração técnica junto ao Governo do Estado na elaboração do pacote tributário e financeiro de ajuda a exportadores, lançado na FIESC.
- Defesa de ações pragmáticas junto ao governo federal, em encontros com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres.
- Busca por canais diretos junto ao governo dos EUA, através de reunião com o cônsul em Porto Alegre, Jason Green, e com o integrante da missão da CNI aos EUA.
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