Desde o anúncio do tarifaço por Donald Trump, em 9 de julho, ficou claro que o setor de madeira e móveis seria o mais afetado em Santa Catarina com a medida e isso está se concretizando. Diante da falta de negociação entre os dois governos, o setor está solicitando aos seus clientes americanos que pressionem a Casa Branca por um acordo setorial, faz lobby em Washington com o mesmo objetivo e busca redução de custos para manter os clientes até uma eventual mudança de tarifa, informa o presidente da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Gilberto Seleme.

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– Nós estamos trabalhando e estamos orientando setores para negociar por atividades econômicas – destaca Seleme, ao informar que além de setores, empresas também buscam negociações específicas, a exemplo do que obteve a Embraer.

O industrial acredita que será possível negociar para a madeira uma tarifa entre 15% e 25% frente os atuais 50%. Um dos grandes grupos americanos que importam madeira de Santa Catarina e estão pressionando o governo do seu país é a gigante The Home Depot, maior varejista de materiais de construção do mundo.

A indústria de SC também faz lobby pela redução da tarifa. Um dos argumentos usados com representantes do governo dos EUA é a informação de que os empregos do setor no estado estão sendo deslocados para a Ásia.  

Outra frente em que o setor está avançando é na redução de custos. Seleme observa que diversas medidas juntas podem reduzir os preços dos produtos exportados em cerca de 25%, o que significa uma tarifa parecida com a da Ásia. Com isso, o setor pode ganhar um fôlego para exportar por mais um tempo até que seja negociada a desejada redução tarifária.

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De acordo com o presidente da Fiesc, o setor madeireiro tem o programa Reintegra, que ajuda em 6%, o custo da matéria-prima em SC está caindo, a entidade está negociando a redução das tarifas portuárias, as empresas baixam suas margens de lucro e os importadores também diminuem margens. Com isso, está sendo possível reduzir preços em cerca de 25%, o que fica mais fácil frente à tarifa de 50%. Assim, as condições de competitividade de SC ficam parecidas com as da Ásia e dá para manter as atividades.

Na última semana, Seleme se reuniu com o secretário de estado de Portos, Aeroportos e Ferrovias, Beto Martins, e solicitou a redução das tarifas portuárias para os terminais de São Francisco e Imbituba ao setor de madeiras e móveis.

– Embora o segmento esteja atuando para captar novos mercados externos, o fechamento de contratos e a adaptação dos produtos para um outro país não ocorre do dia para a noite. As empresas precisam de apoio para se manter competitivas, e esse é um esforço conjunto – destacou Seleme na reunião com o secretário.

A Fiesc já havia solicitado a redução das tarifas nos portos de Itajaí e Portonave, de Navegantes. Fará o mesmo para os demais portos privados, caso haja solicitação de exportadores.

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Os efeitos negativos do tarifaço sobre as exportações de SC aos Estados Unidos começaram há dois meses, em 9 de julho, quando o presidente Trump anunciou a alíquota de 50%. Logo foram iniciadas suspensões de compras por parte dos importadores, principalmente ao setor de madeira e móveis. No mês seguinte, agosto, o setor de madeira e móveis teve um saldo de 581 demissões. As demissões continuam neste mês.  

Outra ação da Fiesc para enfrentar a crise é a busca de novos mercados no exterior. Para o mês de novembro, a entidade planeja levar exportadores para uma feira em Buenos Aires, na Argentina.

O presidente da Fiesc explica que é difícil transferir atividades desse setor para países vizinhos porque Santa Catarina tem produção verticalizada, da floresta renovável à industrialização. Além disso, madeira é um produto barato, que requer escala. Por isso a importância de ter soluções pela continuidade do setor em SC.

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