Pela forma e pelo ineditismo, a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado escala a tensão política no Brasil, com inevitáveis respingos na economia – que sempre prefere a calmaria e a tal da “previsibilidade”. Mas os impactos não devem se limitar apenas ao ambiente doméstico. Riscos de mais instabilidade econômica também surgem de outras fronteiras.

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Neste momento, os olhos se voltam principalmente aos Estados Unidos e ao presidente Donald Trump, que já disse estar “muito insatisfeito” com a condenação de Bolsonaro. Na última terça-feira (9), antes mesmo da sentença dada pela Primeira Turma do STF ao ex-presidente, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o país não hesitaria em usar a sua força econômica e militar para defender a “liberdade de expressão”.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, prometeu resposta à altura do que chamou de “caça às bruxas”, em referência à prisão de Bolsonaro. Até este momento, é difícil dizer se essas manifestações são meramente retóricas, qual o alcance delas e de que maneira, e se, elas se materializarão. Mas há lastro recente para o temor: o governo americano já puniu o Brasil com o tarifaço de 50% sobre exportações.

Veja fotos do julgamento de Bolsonaro

Com a confirmação da condenação de Bolsonaro, novas sanções financeiras impostas ao Brasil pelos Estados Unidos não apenas são possíveis, como consideradas prováveis e até esperadas em alguns setores da economia. Se elas se restringirem a uma medida unilateral dos americanos, o impacto é um. Mas se um imprevisível Trump resolver usar o poderio e a influência da “América” nas relações comerciais globais para retaliar o Brasil, os riscos aumentam.

Histórica e demonstrativa do funcionamento das instituições brasileiras contra rompantes antidemocráticos, a condenação de Bolsonaro e de outros sete réus até pode tirar golpistas de cena, mas está longe de selar a paz institucional.

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