O depoimento do diretor jurídico institucional da Blumob, Maurício Queiroz de Andrade, à CPI que investiga o contrato de concessão do transporte coletivo de Blumenau, nesta semana, evidenciou o óbvio: o sistema é inviável e assim continuará a ser enquanto for remunerado apenas pela tarifa paga pelo usuário. Enxugar custos da operação tem sido um caminho, mas há um limite para isso. Reduzir gastos quase sempre implica em diminuir a oferta, e oferta menor afasta o usuário. Como encontrar esse equilíbrio?
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Está claro tanto para a prefeitura quanto para a Blumob e para a agência reguladora (Agir) que o sistema precisa de subsídios públicos para se manter de pé. Isso já acontece há praticamente um ano em Blumenau, mas não de forma exatamente planejada. Foi a partir de uma decisão judicial, fruto de uma ação em que a concessionária cobrava prejuízos após meses de paralisação do serviço no início da pandemia, que o município passou a injetar recursos no sistema – dinheiro que tem sido usado principalmente para bancar os salários de cerca de 800 trabalhadores.
Isto posto, o principal desafio dos envolvidos a partir de agora passa a ser o do convencimento. Como fazer com que a população compreenda que o transporte público é público não apenas no nome? Que se trata de um serviço de primeira necessidade e que deve ser bancado por todos, não apenas pelo usuário direto? Que compensa tirar dinheiro dos impostos pagos de outras áreas – saúde, educação, infraestrutura urbana – para garantir o ir e vir a um preço justo para quem não tem carro?
As inflamadas reações a cada aporte aprovado para a operação são um indicativo de como essa missão é difícil. Alterar essa percepção passa por mudar a própria imagem do serviço. Mas imagens de ônibus lotados, linhas reduzidas e horários escassos jogam contra o custo-benefício. O caminho ainda é longo.
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Cobradores
No depoimento à CPI, Queiroz deixou no ar uma alternativa que teria impacto significativo na tarifa: a extinção dos cobradores, que representam 60 centavos dos R$ 4,50 atualmente cobrados. Disse o dirigente que apenas 9% dos passageiros pagaram a tarifa em dinheiro vivo em agosto. A medida, porém, encontra forte resistência na categoria. Também há lei municipal que garante a presença dos profissionais nos coletivos.
Aliás
Queiroz descartou a possibilidade de desligamentos em massa caso a função fosse extinta:
– Não estamos falando de demissões. Estamos falando em requalificação dos cobradores com garantia de emprego por prazo determinado, com redução de custo tarifário.
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