O cancelamento da Oktoberfest de Munique, na Alemanha, jogou água no chope do trade turístico de Blumenau. A posição do governo da Baviera de não promover a festa neste ano – a exemplo de 2020 – foi recebida localmente com um misto de surpresa, pelo anúncio considerado antecipado, e apreensão, já que a decisão amplia a pressão por uma definição sobre a edição blumenauense. Uma liderança do setor ouvida pela coluna chegou a classificar a medida como “precipitada”.
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Em que pese as diferenças de formato, infraestrutura e público, a versão alemã sempre foi considerada um espelho para a Oktoberfest Blumenau. Justamente por isso as razões da decisão apresentadas pelo premiê da Baviera, Markus Söder, alimentam incertezas e esfriam expectativas de que a festa poderia acontecer nos moldes tradicionais neste ano.
— Existe o risco de se criarem condições caóticas, já que nas barracas tradicionais o distanciamento, a máscara e todas as medidas (de prevenção dos contágios) são de aplicação praticamente impossível — disse Söder em entrevista coletiva.
Até então, nos bastidores do turismo local havia um certo clima de otimismo e esperança de que a estabilização dos números da Covid-19 e o avanço da imunização poderiam reverter, até às vésperas de outubro, o cenário ainda preocupante da pandemia.
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O recado que vem do outro lado do Atlântico, no entanto, serve de alerta. Na Alemanha, pelo menos 28% da população já havia recebido ao menos a primeira dose da vacina até o início desta semana. No Brasil, este índice está pela metade disso (14%), segundo dados do Our World Data.
Tanto organização quanto fornecedores da Oktoberfest Blumenau não ignoram a gravidade da pandemia. Há um alinhamento claro de discurso de agentes públicos e privados envolvidos de que a festa só deve acontecer se houver segurança sanitária e vacinação minimamente avançada. O ritmo ainda lento de imunização segue como principal barreira para uma tomada de decisão.
O secretário de Turismo e Lazer de Blumenau, Marcelo Greuel, é taxativo. Diz que o evento só acontecerá se o risco de contágio for controlável, se houver condições para que a programação comece no dia 6 de outubro – já está decidido que a agenda não será adiada – e se o formato possível, que ainda está sendo avaliado, não descaracterizar a festa.
— Nós não podemos transformar a Oktoberfest em uma coisa pequena — justifica.
Greuel admite que foi pego de surpresa com a decisão que veio da Alemanha – menos por ela ter sido tomada, mas mais por ter sido tomada agora. Mas reforça que, por ter uma dimensão maior, a Oktoberfest de Munique exige mais tempo de preparação, o que antecipa uma definição.
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A prefeitura deve bater o martelo sobre se tira ou não a edição de Blumenau do papel em 2021 entre o fim de junho e início de julho. Enquanto o cenário ainda é incerto, os preparativos burocráticos que envolvem licitações e contratos seguem normalmente.
Aliás
Existe, claro, pressão para que a Oktoberfest aconteça mesmo em um formato menor, mas ela já não é tão forte quanto no ano passado. Embora a festa tenha peso econômico relevante para Blumenau – injeção de R$ 240 milhões e geração de 6 mil empregos –, movimentando diversos segmentos, operadores da cadeia turística reconhecem que a promoção pode ser inadequada, dependendo das condições sanitárias. A própria decisão da Eisenbahn de abrir mão do direito de ser a cervejaria oficial é um indicativo dessa visão.
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