Neste mês, saiu a notícia de que há um filme sobre Zé do Caixão sendo feito lá fora, com a possibilidade de Tobey Maguire como protagonista. Conhecido como “Coffin Joe” internacionalmente, José Mojica Marins foi um daqueles casos de aclamação tardia e com mais celebração na Europa do que no Brasil, principalmente entre a crítica especializada.

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Após Zé do Caixão, no entanto, o horror brasileiro teve fases e com nichos muito mais específicos. Alguns deles apostavam em tons mais cômicos, outros em propostas mais eróticas, e também havia aqueles mais autorais. Paulo Gil Soares dirigia em 1967 o filme Proezas de Satanás na Vila de Leve-e-Traz, onde o diabo parava em uma cidadezinha do interior de Minais e se tornava político. A música era do Caetano Veloso. Walter Hugo Khouri tinha um cinema soturno e ousado. Seu O Anjo da Noite, de 1974, era uma versão de A Volta do Parafuso e um sopro de novidade no gênero dos anos 1970.

A partir dos anos 2000, o horror brasileiro começou a ser uma plataforma para cineastas independentes: muitos deles lançavam curtas-metragens em festivais e começaram a se tornar cada vez mais reconhecidos. Eu separei dez filmes que dão um panorama muito bom do que é, de fato, o filme de terror que é feito no Brasil, além de algumas das melhores obras e realizadores. Vamos a elas?

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5 filmes brasileiros de terror

  • Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967)
  • As Filhas do Fogo (1978)
  • A Pata do Macaco (1983)
  • Trabalhar Cansa (2011)
  • Mar Negro (2013)

Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, de José Mojica Marins (1967)

O primeiro marco do cinema de terror brasileiro é À Meia Noite Levarei Sua Alma, de 1964, mas a sua continuação é que é a obra-prima do terror nacional. No segundo filme do personagem imortalizado por Mojica, Zé do Caixão, o coveiro que busca o filho perfeito, o diretor se sente mais livre ao explorar o cinismo acerca de superstições e da natureza humana. Algumas das melhores seqüências do horror nacional estão aqui, com direito a animais peçonhentos e o inferno na mente de Josefel Zanatas. Um clássico.

As Filhas do Fogo, de Walter Hugo Khouri (1978)

O horror da solidão humana. Nesta obra melancólica, Diana volta para casa de campo de sua família após alguns anos e se vê diante de memórias tormentosas, e também diante do que se tornou. É o melhor filme de Khouri, para mim.

A Pata do Macaco, de Ademar Guerra (1983)

Um inesquecível Mario Lago é o companheiro de Nathalia Timberg, que formam um casal que mora em um cortiço ao lado de um cemitério. Eles veem na chegada de uma família com dificuldades financeiras a oportunidade de passar adiante um amuleto mágico, a pata de um macaco, que dá a chance de fazer três desejos.

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Trabalhar Cansa, de Marco Dutra e Juliana Rojas (2011)

Um filme que fala acima de tudo sobre o horror capitalista de jamais saber o futuro de sua saúde financeira. “Não toca nisso, isso é sujo”, diz a mãe para a filha que mexe com o dinheiro do caixa. O terror familiar de Dutra e Rojas é algo puramente socioeconômico. É a obra-prima da dupla, que faria o incrível As Boas Maneiras anos depois.

Mar Negro, de Rodrigo Aragão (2013)

Violento, divertido e fantástico. É a obra-prima de Rodrigo Aragão, que se inspira em diretores como Sam Raimi e George Romero para entregar um dos melhores terrores brasileiros. Gosta de gore e zumbi? Assista a este filme!

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5 curtas brasileiros de terror

  • Vinil Verde (2004)
  • Ninjas (2010)
  • O Segredo da Família Urso (2014)
  • Dead Teenager Séance (2018)
  • Who’s That Man Inside My House? (2019)

Vinil Verde, de Kleber Mendonça Filho (2004)

Possivelmente, uma das seqüências mais marcantes da filmografia de Kleber é a do canto angustiante das luvas verdes.

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Ninjas, de Dennison Ramalho (São Paulo, 2010)

As melhores cenas da filmografia de Ramalho (Morto Não Fala) estão aqui. Um filme em que seu protagonista tem que lidar com o fato de ter se tornado um monstro.

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O Segredo da Família Urso (Santa Catarina, 2014)

Tem catarinense na lista. E se escondêssemos um dos períodos mais aterrorizantes de nossa história, como se ela fosse uma memória esquecida, empoeirada, coberta por falsos bonecos e brinquedos? Da talentosa Cintia Domit Bittar.

Dead Teenager Séance, de Dante Vescio e Rodrigo Gasparini (São Paulo, 2018)

Dois dos diretores brasileiros mais interessantes da atualidade, Dante Vescio e Rodrigo Gasparini (O Diabo Mora Aqui) parecem se divertir muito com essa homenagem espirituosa e fantástica ao slasher americano. Cinco caricaturas adolescentes e uma médium percorrem um caminho inverso e pretendem trazer o assassino mascarado para a realidade em que eles tem o controle. Puro entretenimento.

Who’s That Man Inside My House?, de Lucas dos Reis (Rio Grande do Sul, 2019)

Aqui está um exemplo fabuloso das sutilezas de um terror. Indicado como um curta que representa a inércia de uma nação, os clamores de um assustado jovem dizendo “é só não fazer nada” pode notabilizar muito mais do que uma simples entidade imóvel. É a testemunha do medo paralisante com que encaramos algo que está a espreita e que pode se mover a qualquer momento. Que filme!

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Menções honrosas

As Boas Maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra (2018)

Transitando por gêneros complementares, é praticamente um filme dividido em duas partes: a primeira delas, a melhor, conta o sutil e apaixonado relacionamento entre Ana e Clara; a segunda, evidencia Clara tentando proteger um menino da sociedade. Tem uma das melhores cenas de terror do Brasil: a do nascimento do pequeno Joel.

Pranto, de Jaime Guimarães (2020)

Uma história de fantasmas atmosférica, delirante e cheia de sugestões. Jaime Guimarães é um nome para ficar de olho. Tem apenas 32 anos.

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