Os primeiros casos registrados da variante indiana no Brasil foram confirmados nesta quinta-feira (20), no Maranhão. Apesar de ter sido descoberta em outubro de 2020, as informações sobre o vírus modificado são escassas e os especialistas correm contra o tempo para desvendar as particularidades dessa linhagem.
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O que se sabe sobre a variante indiana
Essa variante tem três versões com algumas diferenças: a B.1.617.1, a B.1.617.2 e a B.1.617.3. Elas foram descobertas na Índia entre outubro e dezembro de 2020 e, possivelmente, foram originadas nesse país.
A mutação dos vírus é um fenômeno comum e acontece com o da Influenza, por exemplo. O problema é que as variações do coronavírus estão cada vez mais aumentando a capacidade de transmissão e causando formas mais graves da Covid-19.
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Já se conhecia a variante indiana, mas a atenção realmente se voltou para ela quando a Índia começou a bater recordes e mais recordes negativos em relação à pandemia.
Até o início de abril, a variante correspondia a aproximadamente 24% das amostras sequenciadas do vírus na Índia. No dia 24 de abril, ela era dominante e representava mais de 80% das amostras analisadas.
No Reino Unido a situação é parecida. A pandemia estava controlada, quando um aumento de casos retomou a preocupação e ameaçou o plano de retomada no país. Os testes realizados mostraram um aumento repentino da variante indiana.
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O que a variante indiana tem de diferente
A linhagem da B.1.617 tem duas mutações na proteína “spike” do coronavírus. Essa proteína é a parte que o vírus usa para entrar nas células humanas. Ou seja, é como se o coronavírus criasse caminhos para escapar do sistema imune e desenvolvesse maneiras de transmissão mais eficazes para burlar o organismo humano.
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A variação é apontada como uma das razões pelo aumento de casos registrados na Índia. Nesta quinta-feira (20), o país bateu o recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas no mundo. Conforme dados do governo indiano, houve 4.529 mortes no país em um dia. O número ultrapassa a marca anterior, que era de 4.475 mortes, registrada pelos Estados Unidos em 12 de janeiro. A Índia é o terceiro país com mais mortes por Covid-19 no mundo, atrás dos Estados Unidos (587 mil) e do Brasil (439 mil).
Além do possível impacto da nova variante, outros fatores também influenciam na escalada de casos e mortes na Índia. Entre elas, a dificuldade para adoção de medidas como distanciamento social no país, que é o segundo mais populoso do mundo e tem grande parcela da população abaixo da linha da pobreza.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a nova linhagem entre as chamadas “variantes de preocupação” do novo coronavírus. Ela já foi detectada em 44 países de seis continentes. Ainda não há comprovações de que a cepa indiana seja mais transmissível, mas dados preliminares analisados pela OMS indicam uma maior capacidade de contágio em relação à versão original do vírus.
Além da variante indiana, outras seis linhagens do Sars CoV-2 também já foram apontadas como responsáveis por maiores índices de transmissão e, por isso, classificadas como preocupantes: duas identificadas no Brasil (P.1 e P.2), a do Reino Unido, a da África do Sul, a da Califórnia e a de Nova York.
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O que falta descobrir
Algumas perguntas sobre a variante indiana do novo coronavírus ainda seguem em aberto. Uma delas é se as vacinas que já estão sendo aplicadas na população mundial podem também combater a ação dessa linhagem no organismo. Em coletiva no dia 10 de maio, a OMS informou que é importante haver tempo para reunir mais dados sobre a variante, mas apontou que, até onde se sabe, as vacinas e tratamentos seriam eficazes também contra a cepa indiana. Nesta quinta-feira (20), a OMS voltou a afirmar que “as vacinas são eficazes contra todas as variantes do coronavírus”.
Outra ponto a ser analisado é se a variante indiana está relacionada a quadros de Covid-19 mais graves. No caso das cepas anteriores, como a brasileira, observou-se um ritmo mais de transmissão, mas não necessariamente associado a formas mais agudas da doença. No caso da linhagem encontrada na India, não há até o momento evidências que possam indicar a relação desta linhagem com maior gravidade.
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