
Ocupando espaços
No terceiro episodio do podcast As minas sem filtro, comunicadoras e convidada especial debatem sobre espaços majoritariamente masculinos
Você já ouviu alguém falar em profissões “de mulher” ou carreiras que são “para homens”? Apesar da desconstrução de inúmeros preconceitos nos últimos anos, o mercado de trabalho ainda é um espaço onde há bastante divisão entre os gêneros.
Além de questões como diferença salarial e a dupla jornada de trabalho para muitas mulheres que cuidam sozinhas das atividades domésticas e familiares, ainda existe na sociedade uma concepção de que certas carreiras são “dominadas” por um dos gêneros.
Áreas como enfermagem, assistência social, ensino básico e fundamental, recursos humanos e psicologia são alguns exemplos de profissões dominadas por mulheres — atividades relacionadas ao cuidado com o outro e educação, ações historicamente desempenhadas por mulheres. Já áreas como finanças, condução de veículos e tecnologia da informação (TI) ainda são, majoritariamente, ocupadas por profissionais homens.
Diferenças como essas contribuem para moldar a concepção social sobre o que é um trabalho que “pode” ser desempenhado por homens ou por mulheres. No entanto, com o passar dos anos, o cenário vem se transformando: hoje, setores como tecnologia e finanças vêem o número de mulheres na área crescendo cada vez mais, mostrando que, no mercado de trabalho, o lugar das mulheres é, realmente, onde elas quiserem.
Esse é o assunto do terceiro episódio do podcast As minas sem filtro, comandado pelo time de comunicadoras formado por Fernanda Cunha, da ATL Floripa, Larissa Guerra, da ATL Blumenau, e Duda Dalponte, apresentadora do Globo Esporte em Santa Catarina. A convidada da vez é a jornalista e agente de polícia civil Stefany Alves, que atua na assessoria de comunicação do órgão.
Assista ao episódio completo:
A trajetória de Stefany começou como jornalista, atuando em emissoras de rádio. Porém, ela conta que sempre teve interesse na área de assessoria de comunicação e, em pesquisas por órgãos públicos que possuíssem vagas no setor, deparou-se com o concurso aberto para a Polícia Civil:
— Virei policial civil por acaso. Tive que prestar concurso para agente de polícia, pois o cargo de jornalista não existe. Mas, hoje, sou apaixonada pela instituição e não me vejo fora dela — diz.
Atualmente, o número de mulheres ativas no mercado de trabalho brasileiro está em queda. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no final de 2020, o percentual de mulheres trabalhando era de 48% — um reflexo direto da pandemia, que fez com que muitas mulheres deixassem seus empregos para cuidar da família e que afetou bruscamente os serviços informais, no qual as mulheres são maioria. A taxa de participação feminina atingiu os níveis mais baixos desde 1990, quando ficou em 44,2%.
Apesar de crescimentos no número de mulheres em cargos de liderança e na quantidade de profissionais do sexo feminino em áreas como tecnologia e mercado financeiro, é inegável que os últimos anos representam um retrocesso para a força de trabalho das mulheres, conquistada a partir da luta por direitos ao longo de séculos.
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Além disso, questões psicológicas e emocionais — ansiedade, síndrome de impostora, síndrome de burnout e outros problemas dessa ordem — também contribuem para que as mulheres busquem menos promoções no trabalho do que os colegas homens, tenham mais dificuldade em se sentir preparadas para assumir cargos de gestão ou para mudar de carreira.
Segundo Stefany, os órgãos da segurança pública têm recebido cada vez mais interesse por parte de mulheres. Na Polícia Civil, por exemplo, o quadro de profissionais do sexo feminino configura 34% da equipe.
— Para uma profissão que sempre foi majoritariamente masculina, isso é um avanço. Nos últimos concursos, uma tendência que percebemos é que mais mulheres têm se inscrito e entrado na instituição, então eu acredito que a proporção está se igualando.
Entre os fatores que levam a esse crescimento na participação feminina nessa área, a agente ressalta a presença de mulheres em cargos de destaque, como de delegada, por exemplo. De acordo com ela, ver que uma mulher chegou a um posto alto dentro da instituição é uma forma de incentivar outras que também desejam seguir carreira na segurança pública.
Integrante da Polícia Civil há pouco mais de um ano, Stefany relata que não se sente discriminada por seu gênero e nem por sua formação de origem:
— É claro que existem diferenças, até porque mulheres e homens são diferentes, e não tem como dizer que não. Jornalista é uma profissão diferente para quem atua na polícia civil, mas, no meu caso, até encontrei bastante espaço dentro da instituição por haver poucas pessoas com a minha formação em uma área específica e pouco comum onde eu atuo.
Parte integrante do projeto Dona de Si, promovido pela NSC para celebrar o mês das mulheres, o podcast traz, toda semana, debates atuais, críticas, opiniões e boa conversa entre comunicadoras. O conteúdo fica disponível para ser ouvido nas plataformas digitais e também em vídeo, no canal de YouTube da NSC Total.
O podcast “As Minas Sem Filtro” conta com o apoio da Unesc.
Episódio 1 - A melhor idade é qualquer idade
Episódio 2 - Sexcare e a redescoberta do prazer
Episódio 3 - Lugar de mulher é onde ela quiser
Episódio 4 - Donas da própria carreira
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