A tragédia com balão que matou oito pessoas em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, completou dois meses nesta quinta-feira (21). Eram 21 pessoas a bordo no momento em que o balão pegou fogo e, dessas, apenas 13 sobreviveram.
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O acidente aconteceu em 21 de junho em Praia Grande, uma pequena cidade no Sul de Santa Catarina com menos de 10 mil habitantes, famosa pelos cânions e voos de balão.
A tragédia marcou a cidade e foi destaque internacionalmente. Ao NSC Total, moradores deram relatos sobre o momento da tragédia. Em meio ao luto, a cidade retoma ao poucos a rotina.
Relembre o acidente
O piloto e 20 turistas sairiam para o voo depois das 6h, mas, às 6h40min, por conta do vento, a tentativa foi frustrada e adiada por alguns minutos. O grupo mudou de local e foi para perto da Cachoeira Nova Fátima, a quase 10 quilômetros do Centro. O passeio de balão custava R$ 550 e durava 45 minutos.
Tragédia em Praia Grande: o que dizem as regras sobre balonismo no Brasil
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Depois de certa insistência, por volta das 7h, o voo começou. Uma gravação revelou que houve dificuldade para que o balão saísse do chão em um primeiro momento. O autor do vídeo chega a dizer “agora vai” no vídeo.
Quatro minutos depois, houve o incêndio e a queda.
Veja fotos do local
No início da decolagem, a fumaça foi percebida dentro do cesto. O piloto relatou à Polícia Civil que o maçarico usado para acender o fogo, que gera o ar quente que faz o balão voar, teria sido acionado acidentalmente, causando as chamas.
O piloto revelou aos agentes que jogou o maçarico para fora do balão quando ainda estavam no alto. O extintor de incêndio não funcionou, e o homem tentou pousar. Ao descer, o piloto pediu que todos os ocupantes saíssem rapidamente do balão. Das 21 a bordo, 13 pularam para a grama.
Os outros ocupantes foram rapidamente levados pelo balão, por conta da falta de peso dentro do cesto. O piloto e os outros ocupantes não conseguiram segurar o balão em chamas. Entre as oito pessoas que ainda estavam no balão, quatro pularam do cesto e morreram com a queda e outras quatro faleceram carbonizadas. Três destas vítimas foram encontradas abraçadas.
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Quem são as vítimas do acidente com balão
Piloto não tinha licença ou habilitação para voar
Em julho, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) emitiu um comunicado sobre as certificações de voo do piloto e do balão que caiu, em resposta ao inquérito civil do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
De acordo com o documento, o piloto Elves de Bem Crescêncio solicitou à Anac a licença Piloto de Balão Livre (PPB) em 2022, mas o pedido foi indeferido devido à falta de informações de onde seria realizada a instrução prática de balão.
Segundo o pronunciamento da agência, atualmente não há operação certificada pela Anac de balão no Brasil, sendo permitidas operações de voos como prática desportiva, regidas pelo RBAC nº 103. Consequentemente, não haveria a certificação da aeronave e nem do piloto por parte da agência.
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Investigações policiais e perícias da ocorrência
Investigações policiais foram realizadas e o acidente foi reconstruído no dia 27 de junho, dias após a tragédia. Na ocasião, o piloto do balão auxiliou os policiais e demonstrou na prática a sua versão de como foi o acidente.
Veja vídeo da reconstrução do acidente
O NSC Total entrou em contato com a Polícia Civil para saber mais detalhes sobre o andamento das investigações do acidente. A instituição respondeu que, desde a ocorrência, foram tomadas diversas medidas de investigação: “a equipe policial realizou diligências no local, ouviu testemunhas e envolvidos, coletou documentos, imagens e demais informações relevantes”.
Informou, ainda, que “o Inquérito Policial no âmbito da Polícia Civil, no tocante às diligências de Polícia Judiciária, encontra-se concluído. No momento, aguarda-se a juntada dos laudos periciais, que estão em fase adiantada e sob acompanhamento tanto da Polícia Civil quanto do Ministério Público”.
Ainda em junho, a polícia informou que não há prazo para a conclusão do caso, segundo informações do g1.
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Veja a nota completa da Polícia Civil
A Polícia Civil de Santa Catarina está trabalhando desde o trágico acidente envolvendo um balão que ocorreu em Praia Grande.
Desde a ocorrência, foram adotadas diversas medidas de investigação: a equipe policial realizou diligências no local, ouviu testemunhas e envolvidos, coletou documentos, imagens e demais informações relevantes.
Além disso, foram requisitados laudos periciais especializados que auxiliaram no esclarecimento das causas e circunstâncias do acidente.
Segundo o delegado responsável pela investigação, o Inquérito Policial no âmbito da Polícia Civil, no tocante às diligências de Polícia Judiciária, encontra-se concluído. No momento, aguarda-se a juntada dos laudos periciais, que estão em fase adiantada e sob acompanhamento tanto da Polícia Civil quanto do Ministério Público.
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Durante a apuração também foram anexados outros documentos de órgãos externos, como da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Assim, para a conclusão e elaboração do relatório final pelo delegado responsável, resta apenas a formalização da juntada dos laudos periciais.
A Polícia Civil reforça que trabalha para esclarecer os fatos com rigor técnico e transparência, garantindo a correta apuração das responsabilidades.
Retomada de voos
Com novas regras, os voos voltaram a acontecer em Praia Grande no início de julho. A Associação de Pilotos e Empresas de Balonismo (AVIBAQ) definiu uma checklist de equipamentos necessários, para que os pilotos confiram antes das operações. Entre os itens obrigatórios a partir de agora, estão:
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- Dois extintores de incêndio nos balões;
- Mantas antichamas;
- Rádios comunicadores.
O setor do balonismo de Praia Grande e região aguarda pela regulamentação da prática junto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Enquanto isso, as novas medidas adotadas pela associação são seguidas por todos os pilotos e empresas da área. O primeiro dia da retomada dos voos, em 2 de julho, foi bem sucedido, sem ocorrências registradas.
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