Clésio Salvaro (PSDB) ainda exercia mandato de deputado estadual entre 2007 e 2008. Almejava a prefeitura de Criciúma. Já havia perdido uma eleição municipal em 2004. Não raro, o deputado era visto logo cedo andando por um enorme terreno baldio no Bairro Próspera. Parte da área, cercada pelas avenidas Centenário e Gabriel Zanette, servia, de forma improvisada, de local para circos ou outras atrações temporárias.

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Mas o espaço estava longe de ser adequado. Veio a eleição e Salvaro ganhou. Elegeu-se prefeito pela primeira vez. Uma cena da campanha vitoriosa, de um galo cantando e anunciando o seu mote “Hora de quem trabalha”, foi gerada naquele terreno. E o prefeito deu start no projeto de transformar aquele espaço degradado no primeiro parque da cidade.

O galo e principalmente o slogan geraram um certo ruído entre o recém chegado Salvaro e o recém saído Anderlei Antonelli (então do MDB), o prefeito que encerrava o mandato. Para azedar de vez, em um dos primeiros atos da sua gestão, Salvaro reuniu muitos carros, viaturas e máquinas sucateadas da prefeitura naquele terreno, do futuro parque, e anunciou um leilão.

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A pré-história do Parque das Nações

Enquanto tocava outras prioridades, o prefeito não sossegou da ideia de fazer o parque. Pelo contrário. Havia uma pracinha abandonada perto dali, no mesmo bairro, por ninguém frequentada e que se chamava Cincinato Naspolini e localizava-se em um terreno na esquina da Avenida Centenário com a Rua Tereza Virtuozo. Era vizinha ao Criciúma Shopping. Em uma operação que gerou polêmica à época, a prefeitura repassou a àrea ao shopping, desmanchou a pracinha e, com os recursos arrecadados, foi dado o pontapé inicial na construção do novo parque.

O terreno, ondulado, esburacado, irregular, sofria o resultado da mineração, que abundou naquela região de Criciúma algumas décadas antes, em tempos idos. Estava ali, como uma ferida exposta. Em meados de 2009, os primeiros tratores da prefeitura começaram a roncar na área, preparando a terra para o que se planejava implantar ali. De pronto, a primeira dificuldade: por ser solo minerado, apresentava pouca aderência para qualquer plantio. Seria necessária uma minuciosa operação de manejo do solo para conseguir plantar árvores e grama no lugar.

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“Um presente para Criciúma”

As obras avançaram ao longo de dois anos até que, na noite de 27 de setembro de 2011, foi inaugurado o Parque das Nações Cincinato Naspolini. – Ele nasce como um presente para Criciúma – anunciou, em um ato naquela terça-feira, o prefeito Clésio Salvaro. – Criciúma merecia um parque como esse – dizia, no mesmo evento, o então vice-governador Eduardo Pinho Moreira (MDB), ex-prefeito de Criciúma.

A homenagem por Cincinato Naspolini, que foi o segundo prefeito da história da cidade, pagou uma dívida histórica com ele. Criciúma já havia batizado o Paço Municipal com o nome de Marcos Rovaris (o primeiro prefeito) e o Teatro Elias Angeloni (remetendo ao terceiro prefeito). Faltava Cincinato, que emprestava o nome para a tal pracinha desativada em 2008 da qual saíram os recursos que iniciaram o Parque das Nações.

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O parque já nasceu grande. Em 15 mil m² de área, oferece pistas de caminhada, ciclovias, quadras para várias modalidades, pistas de bocha e uma cancha de bolão, parques infantis e um palco, além de amplo espaço para receber milhares de pessoas. Superado o problema do solo, foi possível arborizar também o parque. O que não vingou foi o lago, que existia na inauguração mas poucos anos depois acabou desativado.

Desfile cívico de 2018 com grande público no parque
Desfile cívico de 2018 com grande público no parque (Foto: Eduardo Schaucoski / Especial)

Na inauguração, a dupla César Menotti e Fabiano fez um show para mais de 30 mil pessoas.

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A Terezinha, o trem de Criciúma

Uma atração que caiu no gosto dos frequentadores desde o início foi a Terezinha 01. Trata-se da locomotiva doada pela Ferrovia Tereza Cristina para a prefeitura de Criciúma, que montou 800 metros de trilhos dentro do parque e duas estações. A composição, com dois vagões, carrega até 20 passageiros em um passeio dos mais agradáveis pela história do transporte ferroviário. 

Um dos muitos eventos já realizados no parque
Um dos muitos eventos já realizados no parque (Foto: Decom / Divulgação)

Para provar o quanto o Parque das Nações caiu no gosto do criciumense, a prefeitura de Criciúma lançou um balanço em fevereiro de 2012, quando o espaço de lazer completou 150 dias de funcionamento, e apontou 140 mil visitantes. Desses, 42 mil haviam tomado parte nas 1,5 mil viagens da Terezinha 01. 

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Meio milhão em um ano

O auge do Parque das Nações veio em 2018, quando 500 mil pessoas passaram por ele ao longo do ano, atraídas pela estrutura em si e por 32 eventos que ali se realizaram. Em 2017 houve a primeira experiência de realização da maior festa de Criciúma no parque, a Festa das Etnias, o que não se repetiu nos anos seguintes. 

Até pelo nome que carrega, e por ostentar na esplanada defronte ao palco bandeiras que representam os povos colonizadores de Criciúma (italianos, alemães, espanhois, portugueses, poloneses, árabes e africanos), uma das metas do Parque das Nações era servir de abrigo às associações étnicas que organizam anualmente a Festa das Etnias. Pelo projeto original, cada uma teria o seu restaurante e espaço para atrações culturais, o que ainda não se realizou.

Em abril de 2019 o Parque das Nações ganhou um importante reforço. Foi inaugurada a Rua José Henrique Mezzari, a chamada Rua da Gente, paralela ao parque, ligando as avenidas Centenário e Gabriel Zanette. Ali, com arquibancadas, pista larga e iluminação adequada, passou a ser o espaço adequado para desfiles cívicos e outros eventos. A partir de março de 2020, o Parque das Nações foi duramente impactado pela pandemia de Covid-19, com redução substancial no movimento, o que vem sendo retomado nos últimos meses.

Rua da Gente, ao lado do parque, é espaço de apoio para eventos
Rua da Gente, ao lado do parque, é espaço de apoio para eventos (Foto: Denis Luciano / Arquivo)

Com os bons resultados do Parque das Nações, o prefeito Salvaro voltou o foco para esse tipo de investimento. Lançou, posteriormente, o Parque do Imigrante, no distrito do Rio Maina, e revitalizou o Parque Centenário, junto ao Paço Municipal, rebatizando-o de Parque Centenário Altair Guidi. Lançou neste ano, também, o projeto do Parque do Bairro Santa Luzia, que está em construção. Na última campanha eleitoral, o prefeito levantou a bandeira da “cidade dos parques”.

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O Parque das Nações hoje

As comemorações oficiais de dez anos do Parque das Nações serão realizadas na próxima quinta-feira (30). – É que o prefeito estará em viagem nesse começo de semana, e optamos por agendar essa programação especial para quinta – explicou o presidente da Fundação Cultural de Criciúma (FCC), Zalmir Casagrande.

Cabe à FCC gerenciar os parques da cidade. Entre os projetos futuros da prefeitura está o fomento ao turismo, e as estruturas de lazer são incluídas nessa pauta, e tratadas como atrativos de Criciúma. – Com certeza, temos a Terezinha no Parque das Nações, a tafona no Parque do Imigrante, onde o turista pode preparar e levar a sua farinha, temos o Monumento das Etnias e o Memorial Dino Gorini no Parque Altair Guidi – observou.

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Casagrande anuncia para 5 de novembro a inauguração de uma estrutura turística, que terá por sede o Parque das Nações. – Será o CAT, a Central de Atendimento ao Turista, que fará todo o receptivo de Criciúma. Todos os ônibus por exemplo, de turismo esportivo, de negócios, do pessoal da terceira idade, todos chegarão pelo CAT. Ali receberão toda a informação das atrações turísticas da cidade – explicou. – Por QR Code, nossos visitantes terão o mapa virtual de Criciúma e toda a orientação sobre como chegar na Mina de Visitação, nos demais parques e em outros locais. Será uma ferramenta que vai fazer a diferença para fomentar o turismo aqui – completou o presidente da FCC.

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