Política
Governador admitiu que períodos de afastamento "tiram um pouco da velocidade", mas prometeu buscar recuperação das ações
O governador Carlos Moisés reassumiu o cargo após a absolvição no processo de impeachment dos respiradores e se manifestou pela primeira vez após a decisão. Moisés garantiu a volta de 100% dos secretários que estavam nos cargos quando ele foi afastado, no final de março. Nesse período, ao menos 14 secretarias tiveram mudança de titular, todas essas já revertidas por Moisés.
- A estrutura de governo que havia quando fomos afastados retorna hoje em seu primeiro escalão. Cem porcento das pessoas serão reconduzidas ao primeiro escalão - afirmou.
Moisés concedeu entrevista coletiva no fim da tarde desta sexta-feira (7), na Casa d'Agronômica, para se manifestar sobre a decisão e a volta ao cargo, após mais de 40 dias de afastamento temporário. Mais cedo, o chefe do Executivo fez uma publicação nas redes sociais em que agradeceu o voto dos deputados e defendeu que a sentença do tribunal de julgamento “repara um erro”.
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O anúncio de volta dos secretários envolve o retorno de nomes como o ex-secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, que estava na coletiva desta sexta. Ele vai substituir a deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania), que conduziu a pasta nos últimos 40 dias a convite da então governadora interina Daniela Reinehr (sem partido).
Outros nomes que retornam ao governo são o do ex-secretário da Fazenda, Paulo Eli, e da Administração, Jorge Eduardo Tasca. Eron Giordani, na Casa Civil, e Luciano Buligon, no Desenvolvimento Econômico e Sustentável, também serão nomeados novamente para os mesmos cargos.
- Precisamos retomar a direção do Estado para continuar as políticas públicas que desenvolvemos até aqui. Infelizmente essa parada nos tira um pouco dessa velocidade, mas queremos agora correr atrás do tempo perdido e fazer com que isso ocorra da forma mais rápida possível - projetou.
Moisés assinou ainda na sexta-feira um ato em que exonera 14 servidores do primeiro escalão indicados por Daniela e nomeia novamente os que já faziam parte de seu governo até o afastamento (confira a lista abaixo).
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Exonerados
- Leodegar Tiscoski, secretário de Estado da Infraestrutura e Mobilidade;
-Carmen Zanotto, secretária de Estado da Saúde;
-Luiz Dagoberto Correa Brião, Procurador-Geral do Estado;
-Gerson Luiz Schwerdt, Chefe da Casa Civil;
-Ana Cristina Ferro Blasi, secretária de Estado da Administração;
-Alessandro Marques, Chefe da Casa Militar;
-Miguel Angelo Bertolini, secretário executivo de Comunicação;
-Rogério Macanhão, secretário de Estado da Fazenda;
-Jorge Davi Agostinho Da Silva, secretário executivo de Articulação Nacional;
-Alexandre Waltrick Rates, Chefe da Defesa Civil;
-Ricardo de Gouvea, secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico
Sustentável;
-Sival Santos Da Silva Junior, chefe de gabinete da Chefia do Executivo;
-Eduardo Loch, presidente da Santur;
-Dolores Carolina Tomaselli, presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC).
Nomeados
-Thiago Augusto Vieira, secretário de Estado da Infraestrutura e Mobilidade;
-André Motta Ribeiro, secretário de Estado da Saúde;
-Alisson de Bom De Souza, Procurador-Geral do Estado;
-Eron Giordani, Chefe da Casa Civil;
-Jorge Eduardo Tasca, secretário de Estado da Administração;
-André Alves, Chefe da Casa Militar;
-João José Pereira Cavalazzi, secretário executivo de Comunicação;
-Paulo Eli, secretário de Estado da Fazenda;
-Lucas De Souza Esmeraldino, secretário executivo de Articulação Nacional;
-David Christian Burarello, chefe da Defesa Civil;
-Luciano José Buligon, secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável;
-Marcio Ferreira, chefe de gabinete da Chefia do Executivo;
-Leandro Ferrari Lobo, presidente da Santur
-Edson Lemos, presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC)
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Questionado se haveria aumento nas restrições por causa do novo coronavírus, o governador evitou polêmica e disse que o tema deve ser discutido com técnicos da área da saúde através do Centro de Operações e Emergência em Saúde (Coes), para depois ser analisado pelo governo com base nos números da pandemia em SC.
O governador também afirmou que pretende retomar as conversas com a Assembleia Legislativa para projetos como a Reforma da Previdência de SC.
À noite, em entrevista ao NSC Notícias, Moisés defendeu a derrubada do veto dado pela agora vice-governadora à proposta de destinação de recursos estaduais para obra de rodovias federais, como a BR-470 e a BR-280.
- Vamos conversar com nossos deputados, pedir o apoio da Assembleia da Legislativa e trabalhar para que a gente possa derrubar esse veto que na nossa avaliação ocorreu de forma inadequada, uma vez que foi construído com o governo federal, com a bancada parlamentar catarinense - defendeu.
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Ainda na coletiva, com um tom de voz firme e frases objetivas, Moisés distribuiu alguns comentários sobre os processos de impeachment que enfrentou nos últimos meses.
No início da fala, afirmou que o afastamento no governo "travou o desenvolvimento do Estado, retirou oportunidades e ceifou vidas" e defendeu que a situação servisse de aprendizado.
- Não vamos conseguir nos afastar totalmente das consequências. Faço votos para que essa história nunca mais se repita - reagiu.
Moisés evitou avaliar a atuação da vice-governadora à frente do governo e disse apenas que ela "cumpriu seu papel constitucional". Mais tarde, disse que o julgamento "foi 100% político" e que lutaria para que a democracia não seja afrontada.
- Instituições e entidades do Estado não podem ser utilizadas para fins políticos - afirmou.
Moisés retornou ao cargo após ser notificado da decisão do tribunal misto, por volta das 15h30min desta sexta. A até então governadora em exercício Daniela Reinehr (sem partido) também foi comunicada da decisão e voltou à condição de vice.
O julgamento terminou com placar de 6 votos a 4 pelo impeachment do governador, mas como eram necessários ao menos sete votos para a condenação (dois terços do total), Moisés foi absolvido e o caso foi arquivado.
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