O presidente Jair Bolsonaro desembarcou novamente em Santa Catarina nesta quarta-feira (7), desta vez para uma agenda rápida em Chapecó. Foi a sétima vez do presidente em terras catarinenses desde o início do mandato, e a primeira na maior cidade do Oeste do Estado. Na pauta, elogios à forma como o município lidou com a pandemia do coronavírus, críticas ao ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defesa do tratamento precoce e discurso contrário às medidas restritivas.
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Bolsonaro deixou Brasília por volta das 6h40min e chegou ao Aeroporto Serafim Enoss Bertaso às 9h. O ministro da saúde Marcelo Queiroga, a secretária de Estada da saúde de SC Carmen Zanotto e o senador Jorginho Mello (PL) também estiveram na comitiva, que foi recebida pela governadora em exercício de SC, Daniela Reinehr. Às 9h45min há o único compromisso oficial na agenda, uma reunião com o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD).
Assista ao discurso de Queiroga e Bolsonaro
O evento começou às 10h no Centro de Eventos. O primeiro a falar foi João Rodrigues. Em seu discurso, ele detalhou o trabalho da prefeitura de Chapecó no combate à pandemia. Rodrigues defendeu o tratamento imediato dos pacientes com a Covid-19 e a liberdade dos profissionais da saúde em prescrever medicamentos.
Segundo a discursar, Marcelo Queiroga disse que vai buscar atuar na união entre os profissionais da saúde da linha de frente e os pesquisadores. O ministro da saúde falou sobre a importância das medidas de combate ao coronavírus como uso de máscaras e distancimanto social. Daniela Reinehr também se pronunciou. Ela agradeceu o apoio do governo federal.
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O último a falar foi Jair Bolsonaro. O presidente descartou um lockdown nacional e voltou a defender o tratamento precoce contra o coronavírus. Bolsonaro criticou também medidas de restrição e repetiu diversas vezes que a “liberdade não tem preço”.
— Liberdade acima de tudo, pessoal. A nossa liberdade vale mais do que a nossa própria vida. Quem abre mão de um milimetro da sua liberdade em troca de segurança está condenado no futuro a não ter segurança e não ter liberdade — pontou.
Chegada em Chapecó
O presidente chegou por volta das 9h30min no Centro de Eventos e cumprimentou apoiadores. O prefeito João Rodrigues acompanhou Bolsonaro na chegada.
Na chegada ao aeroporto, Jair Bolsonaro foi recepcionado por apoiadores. Sob gritos de “mito”, ele se aproximou do grupo. Bolsonaro usava máscara, assim como boa parte dos presentes. Contudo, o público não respeitou o distanciamento social para conversar com o presidente.
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O Centro de Eventos teve uma unidade de tratamento semi-intensivo para pacientes com Covid-19 desativada pela prefeitura. Na madrugada desta quarta-feira, o local foi pichado com palavras como “genocida, + vacinas – cloroquina”. Funcionários da prefeitura fizeram a pintura das paredes ainda nesta manhã. A administração municipal ainda avalia se vai registrar um Boletim de Ocorrência.
A montagem da estrutura foi uma das principais medidas do município para enfrentar o colapso no sistema de saúde. No entanto, foi o incentivo ao tratamento precoce que fez Bolsonaro elogiar a gestão em Chapecó e motivou a agenda em Santa Catarina. Em evento no início da semana, o presidente anunciou a viagem e elogiou o “trabalho excepcional”:
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– [Rodrigues é um] exemplo a ser seguido, por isso estou indo para lá. Para exatamente não só ver, mas mostrar a todo o Brasil que o vírus é grave, mas seus efeitos têm como ser combatidos. Mais ainda, naquele município —com toda certeza em mais [cidades], em alguns estados também— o médico tem a liberdade total para trabalhar com o paciente, total. Esse é dever do médico, uma obrigação e direito dele – disse o presidente na segunda-feira (5).
Em entrevista ao programa CBN Hub desta terça-feira (6), João Rodrigues esclareceu que a redução de casos de Covid-19 em Chapecó ocorreu por vários fatores, e que a questão do tratamento precoce não significa apenas a indicação de medicamentos:
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— O fato é que as pessoas estão confundindo e isso me deixa preocupado e irritado. Tratamento precoce para nós em Chapecó não é especificamente cloroquina e ivermectina. Não estamos tratando da marca do remédio. Tratamento precoce é tratar imediatamente. A medicação é o médico que define para o paciente em cada estágio da doença — disse.
Veja fotos da visita de Jair Bolsonaro:



Outras visitas de Bolsonaro
A passagem mais recente de Bolsonaro por SC foi há dois meses, para uma cerimônia do Ministério da Cidadania em Florianópolis, na Academia Nacional da PRF. Antes do Natal, o presidente passou cinco dias de férias em São Francisco do Sul, no Litoral Norte. Hospedado no Forte Marechal Luz, ele recebeu lideranças políticas e celebridades no local, além de percorrer e interagir com apoiadores nas praias da região.
Em novembro do ano passado, o presidente voltou a prestigiar a formatura da PRF na Capital. Em um evento marcado pela aglomeração e a falta de medidas sanitárias.
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Em julho do ano passado o presidente esteve em Florianópolis após a passagem do ciclone-bomba que atingiu 185 cidades catarinenses e causou estragos severos em várias regiões. Saindo da Capital, Bolsonaro sobrevoou rapidamente as cidades de Tijucas e Governador Celso Ramos acompanhado de uma comitiva com políticos catarinenses e a então vice-governadora, Daniela Reinehr. Na época o governador Carlos Moisés estava isolado com covid-19 e não participou da agenda.
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A breve passagem do dia 4 de julho inclusive rendeu algumas críticas ao presidente, que voltou para Brasília antes do esperado e deixou Santa Catarina sem qualquer anúncio de liberação de recursos. A pressa do presidente na última passagem pelo Estado foi motivada por um almoço que ocorreria na sequência em Brasília, em homenagem ao aniversário da independência dos Estados Unidos.
A primeira visita ao Estado como presidente foi em maio de 2019, quando esteve em Camboriú para a abertura do Congresso dos Gideões. A agenda na época teve um caráter mais social do que político, em um aceno do presidente no início do mandato ao eleitorado evangélico.