O Brasil superou a marca de 200 mil mortes por Covid-19 nesta quinta-feira (7). Segundo o Ministério da Saúde, nas últimas 24 horas foram registrados 1.524 novos óbitos, o que elevou para 200.498 o total de óbitos. Foi o segundo dia com mais mortes notificadas durante todo o período de pandemia, perdendo apenas para 29 de julho, quando foram confirmadas 1.595 novas vítimas. Ainda há 2.543 óbitos sob investigação.
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Uma das famílias brasileiras atingidas pelo coronavírus é a de Tiago Cária Sartini, 38 anos. Bastaram apenas 72 horas para que a vida dele mudasse para sempre. No intervalo de três dias, o engenheiro perdeu o pai e a mãe para Covid-19.
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José Luiz Sartini, 73, e Maria das Graças Cária Sartini, 69, tomavam todos os cuidados possíveis para evitar o contágio. Não foi o suficiente.
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— Qualquer um que minimize essa doença tem, no mínimo, um déficit cognitivo — diz o filho.
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Ambos fazem parte da triste marca que o Brasil atinge nesta quinta. Após dez meses desde o registro da primeira vítima por aqui, em 16 de março, o país contabiliza 200 mil mortes pela doença e uma série de erros no combate à pandemia, alguns deles passíveis de responsabilização do presidente da República, apontam especialistas em saúde pública e direito.
Somos o segundo país do mundo com mais óbitos em números absolutos, atrás apenas dos Estados Unidos (EUA). E, assim como lá, a condução do combate à pandemia por aqui rendeu e continua a render críticas. Se o agora quase ex-presidente americano Donald Trump desdenhou e minimizou os efeitos do novo coronavírus em seu país, a gestão Jair Bolsonaro (sem partido) não fez diferente e até seguiu alguns exemplos, apontam os especialistas.
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Negacionismo, pouco-caso, incompetência, crimes contra a saúde da população e violações de tratados internacionais que colocaram o Brasil em uma situação tão delicada quanto vexaminosa são apenas alguns dos erros apontados – por ação ou omissão – que pesam contra o governo brasileiro. Isso, de acordo com a opinião de quem desde o início vive, estuda e tenta minimizar os efeitos da pandemia.
— Após o período de gestação dessa pandemia, parimos um rebento com muitos e diferentes defeitos congênitos. Alguns indeléveis — diz a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo, uma das profissionais de saúde mais atuantes durante a pandemia.
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Às 22h30 da véspera do dia em que o Brasil chegaria à nova marca recorde de óbitos, logo após terminar mais um laudo de uma vítima da Covid-19, pouca coisa ainda parecia fazer sentido para ela.
— Ninguém se recupera de 200 mil mortes.
A percepção dos familiares das vítimas não é muito diferente.
— Negar a doença, colocar empecilhos para o tratamento, falar que o sujeito “vira jacaré” [se tomar a vacina], isso tudo é desinformar a população — diz Tiago, ele próprio eleitor de Bolsonaro no segundo turno em 2018. — O pior é que muita gente sai replicando isso.
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O efeito disso é que, assim como as mortes se avolumaram, as informações sobre mandos e desmandos do governo federal no curso da pandemia se sucederam em velocidade assustadora.
— São crimes de responsabilidade e contra a saúde pública passíveis de punição aqui e no Tribunal Penal Internacional — diz a professora aposentada da USP Sueli Dallari, especialista em direito sanitário.
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Após o país atingir 200 mil mortos pela Covid-19, o Ministério da Saúde divulgou uma nota em que lamenta as mortes, diz se solidarizar com as famílias em nome do presidente Jair Bolsonaro e pede união contra o coronavírus. “Para nós, servidores do Ministério da Saúde, não é um momento só de pesar. É também momento de reflexão e de unir forças, para que todos os dias possamos trabalhar empenhados na solução dessa pandemia”, afirma a mensagem.
Em meio às críticas de atraso do governo em adotar medidas contra a doença, a nota diz que o ministério “está trabalhando incansavelmente, acompanhando pesquisas científicas e reforçando diálogos entre o Brasil e outros países para garantir vacinas seguras e eficazes à população.”
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O texto também faz um agradecimento ao trabalho de profissionais de saúde e, sem citar datas, finaliza dizendo que a pasta se preparar para o lançamento “da maior campanha de vacinação de combate ao coronavírus, a fim de evitar a perda de mais vidas”.
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, por sua vez, lamentou as 200 mil mortes registradas e se solidarizou com amigos e familiares “desta pandemia que assola o país e o mundo”.
— O Supremo Tribunal Federal e o Conselho Nacional de Justiça continuarão, como vêm fazendo desde o início da pandemia, atuando para ajudar a sociedade brasileira a mitigar danos e impactos desta tragédia humanitária — afirmou.
*Por Emilio Sant’Anna.
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