A primeira mulher a assumir o governo de Santa Catarina, Daniela Reinehr (sem partido), ocupou por 31 dias, no ano passado, a cadeira de chefe do Executivo. Enquanto Carlos Moisés da Silva (PSL) aguardava o julgamento do primeiro pedido de impeachment afastado do cargo, a governadora em exercício teve uma passagem rápida, mas marcada por recuos e polêmicas. Agora, quase quatro meses distante do principal cargo do Estado, Daniela estará de volta à frente do governo pelo mesmo motivo: o afastamento de Moisés até o julgamento do segundo processo de impeachment.
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No ano passado, de 30 de outubro, quando a até então vice-governadora assumiu oficialmente o cargo, a 30 de novembro, data que Moisés foi absolvido pelo tribunal de julgamento no processo movido por causa da equiparação salarial dos procuradores do Estado, Daniela fez mudanças no secretariado, uma delas oficializada nas primeiras horas do mandato dela, com o general Ricardo Miranda Aversa no comando da Casa Civil, correu atrás do presidente Jair Bolsonaro e recuou em pelo menos dois posicionamentos, em suas redes sociais, por pressão política.
Apenas cinco dias depois de assumir o cargo, por exemplo, após cobrança de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, ela apagou uma mensagem de twitter em que pedia para as pessoas cuidarem da higiene das mãos e usarem máscaras.
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Um dia depois, após publicar uma nota de repúdio ao ataque sofrido pela equipe da NSC TV na Praia do Campeche, em Florianópolis, Daniela voltou atrás e excluiu sua postagem.
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Além disso, levou 48 horas para dizer, através de nota oficial, que não concordava com as ideias do pai, um negacionista do holocausto e admirador de Hitler, após ter sido questionada pela primeira vez a respeito da posição dele.
Na última semana à frente do cargo, assistiu inerte ao Estado chegar a pior situação da pandemia, até então, com 15 das 16 regiões em nível gravíssimo de transmissão.
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Ao assumir a cadeira de chefia, Daniela pega o Estado em situação mais grave em relação ao coronavírus, com hospitais lotados, filas por leitos de UTI e crescimento no número de mortes. Ela terá pelo menos 120 dias de governo em suas mãos, enquanto o Moisés se prepara para o julgamento que pode determinar sua deposição.
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A primeira mulher a governar SC
Daniela foi a primeira mulher eleita vice-governadora em SC e agora será a primeira a assumir o governo do Estado, ainda que de forma temporária. Ela já havia governado por 10 dias em janeiro, durante férias de Carlos Moisés.
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A futura governadora em exercício é natural de Maravilha, mas morou a maior parte da vida em Chapecó, no Oeste do Estado. É casada e tem dois filhos.
É advogada e trabalhou na área de Direito com temas relacionados a comércio exterior até o início da vida pública e a vitória como vice-governadora na chapa encabeçada por Moisés, em 2018. Também atuou por três anos como policial militar no início da carreira e é produtora rural. Durante o mandato, fez defesas contundentes em temas que envolviam o agronegócio, como a tentativa de taxar agrotóxicos no segundo semestre de 2019.
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