De feminicídios até uma chacina brutal, o ano de 2025 registrou casos de crimes que chocaram todo o Estado de Santa Catarina, com assassinatos que tiveram repercussão em âmbito nacional. O NSC Total selecionou alguns dos assassinatos que mobilizaram as forças de segurança durante o ano e provocaram comoção em diferentes regiões do Estado, por ordem cronológica.

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Morte de menino de 4 anos com mãe e padrasto presos

No dia 17 de agosto, uma criança de quatro anos morreu após dar entrada desacordado no MultiHospital, no Sul de Florianópolis, em parada cardiorrespiratória. Com indícios de agressão, a mãe do menino e o padrasto foram presos em flagrante. Na audiência de custódia, no entanto, a mulher foi solta por estar grávida.

Cerca de 11 dias depois, eles foram indiciados pela Polícia Civil por homicídio qualificado pelo emprego de meio cruel e contra pessoa menor de 14 anos. O homem se tornou réu por homicídio qualificado e tortura, mas nunca havia confessado ter agredido a criança até o dia 3 de dezembro, quando passou por uma audiência e revelou que teve um “ataque de fúria”, mas que não tinha a intenção de matar o menino.

Naquele dia, o homem disse que ficou com a criança depois que a esposa saiu para trabalhar, ainda de manhã. Já à tarde, eles saíram para visitar alguns familiares, mas voltaram para casa para buscar um remédio. Naquele momento, a cunhada dele o ligou para dizer que iria até a residência para levá-los até o familiar.

Foi então que, segundo ele, começou a pensar em problemas financeiros e dificuldades no matrimônio, e ficou “com uma extrema raiva, ódio de tudo que estava acontecendo”. Por isso, teria agredido a criança com socos e tapas na perna, além de socos na barriga. O menino ainda foi jogado na cama, segundo o relato dele.

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O padrasto se trancou no banheiro depois da agressão e, arrependido, voltou ao quarto e se deitou na cama com a criança. Ele percebeu, então, que o menino estava “estranho” e começou a ficar “mole”. Duas horas depois, ele deu entrada no hospital com a criança, que foi declarada morta no local. O menino morreu por choque hemorrágico decorrente de traumatismo abdominal, causado por instrumento contundente, segundo o laudo.

No dia 16 de dezembro, a mãe do menino também se tornou ré por homicídio qualificado e tortura. A ação penal ainda está em andamento.

Fisiculturista morto com 21 facadas em Chapecó

No dia 7 de setembro, o fisiculturista Valter de Vargas Aita, de 41 anos, foi assassinado com 21 facadas pela companheira em Chapecó. O crime, cometido com extrema violência, também chocou o Estado em 2025.

Valter foi encontrado morto nu e ensanguentado na escada do edifício onde morava, localizado no Centro de Chapecó. Ele foi assassinado com pelo menos seis facadas no rosto e outros ferimentos no pescoço, abdômen, tórax e cabeça. À época, a investigação apontou que o fisiculturista foi ferido dentro do apartamento e, em uma tentativa desesperada de buscar ajuda, saiu pelas escadas, onde também foi golpeado.

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A investigação concluiu que o homicídio foi motivado por ciúmes. Segundo a Polícia Civil, mensagens, áudios e vídeos comprovam que a autora acreditava em uma traição e já havia feito ameaças ao companheiro, inclusive com referências explícitas a facadas.

A suspeita foi presa em flagrante logo após o crime e segue detida. Ela já tinha condenação por latrocínio no Rio Grande do Sul e pode agora receber pena de até 30 anos de prisão pelo Tribunal do Júri, que será somada à anterior.

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Chacina em Joinville

A manhã do dia 11 de setembro foi marcada, para os moradores da maior cidade de Santa Catarina, por uma chacina dentro de uma casa no bairro Saguaçu. Era madrugada quando Rita de Cassia Pereira Araujo Silva, de 65 anos, ouviu barulhos de tiros e correu para entender o que estava acontecendo. Foi quando ela viu a filha, Ingrid Iolly Araujo Silva Berilo, caída no chão. Naquele momento, ela já estava sem vida.

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Foi quando o atirador, o libanês Ramzi Mohsen Hamdar, de 49 anos, marido de Ingrid e genro de Rita, atirou diversas vezes contra ela. Um dos disparos atingiu a mulher, que ainda conseguiu pedir socorro. Ela foi a única sobrevivente de um crime que matou Ingrid e os dois enteados, de 11 e 15 anos.

Segundo Rita, Ramzi era controlador e não havia um bom relacionamento entre os dois e os filhos de Ingrid. Entretanto, nenhum conflito, briga ou discussão foi registrado na noite anterior à chacina.

Ramzi Hamdar, que tirou a própria vida depois do crime, foi indiciado pelos crimes de feminicídio contra Ingrid e a filha de 11 anos, tentativa de feminicídio contra a sogra e homicídio contra o menino de 15 anos.

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Professor morto a tiros dentro de carro em São José

No dia 15 de setembro, o professor Lucas Antonio de Lacerda, de 39 anos, morreu baleado dentro de um carro no bairro Ipiranga, em São José. O suspeito estava inconformado com a morte do filho em um acidente que envolveu o professor, no ano passado.

Segundo a Polícia Civil, o sobrinho do autor, de 24 anos, também participou do crime. Ele foi flagrado por câmeras de monitoramento no banco do passageiro do carro do tio minutos antes da ação. Ainda de acordo com a investigação, Lucas já havia recebido duas ameaças no ano passado: uma logo após o acidente de trânsito e outra no dia seguinte, quando um dos suspeitos teria espalhado pela vizinhança que pretendia matá-lo.

O acidente em questão acabou na morte de um motociclista de 24 anos e aconteceu no dia 20 de junho de 2024, em uma rua no bairro Canto, em Florianópolis. A colisão aconteceu quando a moto que ele pilotava atingiu a lateral do carro dirigido pelo professor, que fazia uma conversão à esquerda para acessar a garagem de casa.

O inquérito da Polícia Civil, concluído em maio de 2025, apontou a ausência de indícios de negligência, imprudência ou imperícia por parte do professor. No entanto, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) ofereceu denúncia contra Lucas, em julho de 2025, alegando que ele agiu com culpa ao não observar o dever de cuidado no trânsito, realizando uma conversão em local proibido. A denúncia foi aceita pela Justiça, dando início à ação penal por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

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O advogado de Lucas havia alegado que a denúncia era inepta, carecia de provas de autoria e de fundamentação. Os pedidos, no entanto, foram negados e o processo seguiu normalmente, com audiência de instrução e julgamento marcados para 24 de junho de 2026. Com a morte de Lucas, o caso foi extinto.

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Tentativa de feminicídio deixou jovem com mão amputada

Outro caso que chocou o Estado com tamanha brutalidade foi a tentativa de feminicídio de Kessya Souza, de 18 anos, em Rio Negrinho, no Norte catarinense, no dia 24 de outubro. Depois de terminar um relacionamento de quatro anos e meio com o ex-namorado dois dias antes, Kessya passou a receber ameaças do rapaz. Apesar de ele nunca ter demonstrado nenhum comportamento estranho, inclusive imediatamente após o término, reagindo sem agressividade, o homem, de 23 anos, começou a abordar vizinhos e amigos da jovem.

Ela não teve tempo nem de ir buscar ajuda e denunciá-lo. Depois de ser levada até o mercado onde trabalhava, no bairro São Rafael, o homem invadiu o estabelecimento portando um facão. Dentro e fora do mercado, o homem passou a persegui-la e a atingiu com diversos golpes. Vídeos da câmera de monitoramento de um local próximo ao mercado mostraram toda a ação, desde a chegada do homem no estabelecimento, a correria das pessoas que estavam no local, e os golpes do suspeito, que mudaram para sempre a vida de Kessya.

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A jovem precisou ter a mão direita amputada em razão dos graves ferimentos.Um homem de 19 anos e uma mulher, de 32, que tentaram proteger Kessya, também foram atingidos, com ferimentos no rosto, nuca e nos braços.

A jovem recebeu alta três dias após o ataque e segue compartilhando nas redes sociais a rotina, agora sem uma das mãos, com fisioterapia.

O homem, por sua vez, foi encontrado em casa e preso em flagrante no mesmo dia do crime. Ele vai responder por tentativa de feminicídio e duas de homicídio, qualificadas por motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa das vítimas.

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Caso Catarina

Um dos casos que mais chocou a população de Santa Catarina e ganhou, inclusive, repercussão em âmbito nacional, foi o assassinato de Catarina Kasten, de 31 anos, no dia 21 de novembro, em Florianópolis. Estudante de pós-graduação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Estudos Linguísticos e Literários e professora de Inglês, Catarina vivia um dia normal na rotina que fazia três vezes por semana, caminhando até a Praia da Armação para ter uma aula de natação.

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O marido dela, Roger Gusmão, contou à polícia, que a estudante saiu de casa por volta de 6h50min, e seguiu pela Trilha do Matadeiro. Catarina foi surpreendida por um homem de 21 anos, que aplicou um golpe de imobilização conhecido como “mata-leão”, conforme o Ministério Público de Santa Catarina. Depois, ele arrastou a mulher para um ponto da mata, onde a estuprou e a matou por estrangulamento.

O corpo de Catarina foi arrastado para uma outra área, para dificultar a localização. Entretanto, três horas depois, o companheiro dela estranhou a demora da estudante para voltar para casa e, por meio de mensagens no grupo com participantes que também faziam a aula de natação, soube que pertences da jovem foram encontrados pelo caminho da trilha.

As buscas, então, iniciaram, com turistas apresentando fotos de um homem suspeito que teria passado pela trilha mais cedo. A polícia, então, foi até à Armação, onde ele morava. O homem confessou o crime e relatou que voltava de uma festa quando avistou a jovem. Imagens de câmeras de segurança mostram ele correndo pela areia da praia cerca de 30 segundos após Catarina passar pelo mesmo local.

O caso causou revolta na população de Florianópolis, que fez manifestações na cidade em busca de punição para o assassino. O homem foi denunciado e virou réu por feminicídio, estupro e ocultação de cadáver. Agora, o processo corre em sigilo.

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Homem teria estuprado idosa em 2022

A morte de Catarina também reacendeu a investigação de um outro caso que pode estar relacionado com o mesmo homem. Ele será investigado por suspeita de estuprar uma idosa de 69 anos em 2022 enquanto fazia serviços de jardinagem em uma casa no bairro Açores, no Sul da Ilha. Na época, ele tinha 17 anos.

O crime foi registrado no dia 4 de janeiro de 2022, por volta das 18h, de acordo com o boletim de ocorrência. À época, a idosa relatou que estava em uma chamada de vídeo com uma amiga quando foi surpreendida pelo agressor. Ele a derrubou no solo e a estuprou. No dia, havia homens na casa da vítima fazendo serviços de jardinagem. A vítima foi levada para o hospital, onde recebeu atendimento.

O inquérito já havia sido concluído em julho deste ano, mas como nenhum suspeito havia sido localizado, ninguém havia sido indiciado.

Assassinato aconteceu em mês recorde de feminicídios em SC

O assassinato de Catarina aconteceu em novembro, mês considerado recorde em Santa Catarina em 2025 em relação aos casos de feminicídio no Estado. Foram nove mulheres mortas em um único mês no Estado.

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Oficialmente, até novembro, o Observatório da Violência Contra a Mulher registrou 48 feminicídios em 2025, o que equivale a um feminicídio a cada oito dias.

Em meio a uma “onda” de feminicídios no Estado e, também, no Brasil, a pauta chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Corte, Edson Fachin, citou o caso Catarina e afirmou que “romper o silêncio” sobre o tema é urgente, com o enfrentamento de padrões enraizados que acabam tendo influência na violência contra as mulheres, seja ela dentro dos lares, nos ambientes de trabalho e até em espaços públicos. 

Ele afirmou que a escalada da violência de gênero só poderá ser contida com uma ação coordenada entre autoridades dos três Poderes, profissionais de segurança pública, saúde, assistência social, imprensa e sociedade civil.

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Irmão de músico da banda de Alexandre Pires assassinado em boate

Um desaparecimento terminou de forma trágica em Palhoça, na Grande Florianópolis, em dezembro deste ano. Marcus Vinicius Pinheiro Machado e Souza, de 36 anos, irmão do músico Luiz Tiazinha, integrante da banda do cantor Alexandre Pires, foi assassinado com um “mata-leão” dentro de uma boate de prostituição na Praia da Pinheira.

O suspeito, segurança do estabelecimento, foi preso e confessou o crime. O motivo foi um desentendimento sobre um pagamento na boate. Segundo a Polícia Civil, o corpo permaneceu cerca de 10 horas dentro da boate após o crime. Depois, foi levado pelo suspeito até uma área rural na região do Bairro São Sebastião, em Palhoça, onde foi enterrado.

O cadáver foi encontrado na quarta-feira (10), segundo a família da vítima, depois de dois meses desaparecido.

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