A mulher que reclamou de receber um lanche errado pedido por aplicativo na madrugada do último sábado (20), em Florianópolis, precisou sair da cidade depois de uma série de ameaças feitas a ela por telefone. Ela diz que na entrega veio um cachorro-quente com bacon, sendo que havia pedido sem. Os ataques iniciaram logo após a circulação de um vídeo que mostra o motoboy envolvido na confusão.
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Nas imagens, o entregador aparece com o olho inchado e sangue escorrendo do nariz, por conta de uma agressão que teria sofrido do namorado da cliente que pediu comida, mas teria cancelado o pedido após a entrega. O tumulto ocorreu em frente a um edifício do bairro Trindade.
Os envios de áudios por celular, mensagens de texto e fotos de armas e pessoas mortas cruelmente, além de inúmeras ligações de números desconhecidos, assustaram o casal que fez o pedido e se envolveu na confusão. Eles tiveram que sair do prédio em que moravam, ainda no sábado, escondidos no porta-malas de um carro.
— Eu não vou trabalhar desde sábado e ao longo do dia, como já se sabe, os motoboys vieram várias vezes no meu condomínio. Todo mundo que mora comigo teve que sair do apartamento, porque ele (o motoboy) divulgou meu endereço e meus dados por tudo que é lugar – lamenta a mulher, que não será identificada para a sua segurança.
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Longe de Santa Catarina, a cliente conta que já procurou a polícia e registou um boletim de ocorrência pelas ameaças que alega ter sofrido do próprio entregador. No entanto, relata que terá que retornar ao Estado, para fazer uma segunda queixa, porém relacionada às ameaças que recebeu de outras pessoas.
Entre os xingamentos e as ameaças explícitas, como “bota isso na cabeça, tu vai morrer, morta de fome” ou “namoradinho vai morrer heim, vamo descer a serrinha armado e matar vocês dois, te prepara e não adianta fugir”, um aviso preocupado chamou a atenção da mulher.
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A mensagem recebida descrevia que nos grupos de conversas por aplicativo “os motocas estão fazendo uma vaquinha para alugar apartamento no condomínio que você mora para poder liberar a portaria”. O remetente ainda diz que a situação está tomando grandes proporções e termina com claras orientações: “Se tem algum lugar para ir imediatamente, saia imediatamente. Se o apartamento é alugado, saia imediatamente. Se o apartamento é seu, reforce a segurança”.
— Eu não tive escolha, saí de casa no sábado ainda. Fiquei com medo de arrombarem meu apartamento. Tenho medo de andar na rua e esses caras literalmente me matarem – desabafa.
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Ainda sem saber o que vai acontecer em relação ao trabalho e ao futuro dela em Santa Catarina, a mulher tenta assimilar tudo o que ocorreu depois “reclamar de um direito”:
— Virou esse caso de polícia. Parece coisa de filme, sabe? Eu às vezes não acredito que isso tudo está acontecendo.
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O que diz a defesa do entregador
O advogado do entregador, identificado como Sampaio, enviou uma nota ao Hora de SC, na manhã desta quarta-feira (24):
“Meu cliente jamais ameaçou alguém, pelo contrario, ele que sofreu a covarde agressão física dos solicitantes e isso será devidamente provado conforme decorrer do processo. Com efeito, visando preservar a integridade de meu cliente dos fatos, reservo no direito de permanecer em silência e me manifestarei no momento oportuno, conforme análise dos fatos e das provas.
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Qualquer movimento por cidadãos que por livre e espontânea vontade, todas atitudes insensatas, jamais poderá ser relacionado, imputado e atribuido ao meu cliente. Qual injustas acusações especulativas visam único intuito de encobrir uma covarde e injusta agressão física a um trabalhador, pai de família, de uma categoria que já sofre todos os tipos de violência no trânsito.
Todos os fatos e argumentos serão devidamente demonstrados ao incólume e incorruptível tribunal de SC”.
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Plataforma responde cliente
Da plataforma, e depois de diversas mensagens enviadas ao iFood, a cliente recebeu uma resposta as 10h22 desta terça-feira, com a orientação de encaminhar para o endereço de e-mail do jurídico da empresa “o boletim de ocorrência com as informações do incidente”. além de outras informações. O iFood também disse lamentar o ocorrido e informou que “estamos aqui para apoiá-la e orientá-la no que for preciso”.
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A plataforma enviou uma nota à reportagem do Hora de SC na manhã de quarta-feira (24):
“O iFood esclarece que repudia qualquer ato de violência e, ao tomar conhecimento de relatos como o citado pela reportagem, apura a ocorrência e toma as medidas cabíveis. Na data da ocorrência, o entregador não estava utilizando o app iFood para Entregadores. Portanto, neste caso, a negociação de valores ocorre entre entregador e restaurante. Assim que a cliente reportou o ocorrido, o time de atendimento realizou o cancelamento e o estorno.
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No caso de ocorrências de violência contra entregadores, a empresa orienta seus parceiros o registro de um boletim de ocorrência (BO) para que as autoridades procedam com as medidas cabíveis. A empresa reforça que está à disposição da investigação do caso”.
Relembre
A confusão iniciou quando a cliente fez uma reclamação ao aplicativo do iFood, depois de receber um dos lanches errados. Ela teria pedido um cachorro-quente com bacon e o outro sem, porém ambos foram entregues com bacon.
A mulher conta que pediu o estorno do valor do lanche que veio errado e enviou fotos dos lanches para comprovar, mas que não teria solicitado qualquer cancelamento, ao contrário do que argumentou o entregador ao retornar ao edifício.
No vídeo que circulou pelas redes sociais, o motoboy relata que a mulher cancelou o pedido, mesmo depois de ter recebido a entrega, e por isso ele ficou sem a remuneração. O entregador então retornou ao local para resolver a situação e isso teria ocasionado seu bloqueio na plataforma, o que o impediria de trabalhar.
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Com a repercussão do vídeo, em que o motoboy relata a agressão, um grupo de entregadores se manifestou em frente ao prédio no final da tarde do sábado.
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