O caso Evandro, que chocou o Brasil em abril de 1992 virou série do Globoplay que conta tudo o que aconteceu sobre o desaparecimento e a morte de Evandro Ramos Caetano, aos 6 anos, em Guaratuba, no Paraná. O corpo do menino foi encontrado em um matagal sem alguns órgãos e com as mãos e os pés cortados. Três meses depois, sete pessoas foram presas e confessaram o crime brutal, afirmando que usaram o menino em um ritual macabro, motivo pelo qual o caso passou a ser chamado de “O Caso das Bruxas de Guaratuba”. Diversas teorias sobre o caso Evandro foram sendo criadas ao longo dos anos, acompanhe.
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Celina e Beatriz Abagge, esposa e filha, respectivamente, do então prefeito da cidade, confessaram que sacrificaram o menino no dia 7 de abril daquele ano, mas, algum tempo depois, afirmaram que foram torturadas pela polícia para assumirem a culpa. As duas foram incriminadas juntamente com dois pais de santo e um ajudante.
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Apesar das confissões, o esclarecimento da culpa das sete pessoas assim como as investigações, ainda se estenderiam por mais de 20 anos, alimentando a imaginação das pessoas e gerando várias teorias conspiratórias.
5 teorias do caso Evandro

Evandro Ramos Caetano nasceu nos anos 1980, uma época em que o desaparecimento de crianças amedrontava muitas famílias. O imaginário popular criava muitas histórias de crianças que desapareciam e eram vítimas de tráfico, roubo de órgãos ou eram usadas em rituais de magia.
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O Caso Evandro e as teorias criadas sobre o assunto fizeram com que muitas crianças crescessem com medo de serem sequestradas, como conta o jornalista Ivan Mizanzuk, criador do podcast “Projeto Humanos: Caso Evandro”.
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1 – O acusador teria armado contra a família Abagge
O ex-investigador da Polícia Civil Diógenes Caetano dos Santos Filho, tio do menino Evandro, foi quem apontou suspeitas contra a família Abagge. Essa denúncia foi a responsável pelo envolvimento do Grupo Águia da Polícia Militar no caso e pelas prisões dos sete acusados. Anteriormente, o caso era investigado pelo Grupo Tigre, que, segundo o secretário de Segurança Pública na época, estava recebendo pistas falsas da família Abagge.
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Durante os júris do Caso Evandro, as defesas levantaram a possibilidade de Diógenes ter feito as acusações porque tinha intenção de ser prefeito da cidade e criticava abertamente o prefeito Aldo Abagge. Ele negou ter interesses políticos no caso.
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2 – Corpo do menino foi usado em ritual satânico
Além de ter seus órgãos retirados, as mãos, couro cabeludo, pés e orelhas do menino também foram mutilados.
Os investigadores acusaram Celina Abagge, esposa do ex-prefeito de Guaratuba de pagar aos membros do culto para matarem o menino em um cômodo da serraria da família. O sangue, coração e vísceras do menino não foram encontrados e teriam sido oferecidos a Exu como parte de um ritual. A imagem dessa entidade da umbanda se localizava à esquerda da porta principal da empresa.
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Isso fez com que as autoridades entendessem que a ação era parte de um ritual satânico, mas essa teoria nunca foi confirmada.
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3 – O corpo sepultado não era de Evandro
A “Isto É” revelou em uma publicação de 2011 que teve acesso aos documentos da época do desaparecimento do menino, depoimentos de autoridades de Curitiba e de pessoas de Guaratuba que informam que o corpo que está sepultado no Cemitério Central, provavelmente, não é o de Evandro.
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As recusas do Ministério Público de autorizar a exumação do corpo alimentam ainda mais a teoria da população de que Evandro não está enterrado no local.
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4 – Diógenes teria acusado a família Abagge por vingança
Outra teoria que paira sobre Diógenes é que ele teria acusado Celina Abagge como uma forma de se vingar por ela ter causado a separação de seus pais, após ter tido um caso com seu pai, também de nome Diógenes.
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5 – Evandro e outro menino desaparecido estão fora do país
Leandro Bossi, um menino de 7 anos, desapareceu em Guaratuba no dia 15 de fevereiro, após sair de casa, dois meses antes do desaparecimento de Evandro.
O pai de Leandro, João Bossi, acredita que os dois meninos foram traficados e vendidos no exterior. Ele também acha que o surgimento de dois cadáveres de crianças, na época do crime, em um matagal de Guaratuba, foi uma farsa para encobrir o tráfico de menores.
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O delegado Luiz Carlos de Oliveira, na época, foi designado para investigar o desaparecimento de Leandro. Em seus depoimentos, ele manifestou suas dúvidas em relação ao corpo encontrado no matagal no dia 11 de abril de 1992. Segundo ele, devido às condições em que o corpo se encontrava, não poderia ser descartada a hipótese de que o corpo poderia não ser de Evandro, já que a identificação foi feita às pressas e o corpo poderia ser de Leandro Bossi.
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Em março de 1993, a ossada de uma menina de, aproximadamente, 6, 7 anos, foi encontrada em Guaratuba. Ela foi localizada junto a roupas que pertenciam a Leandro, próxima ao lugar onde havia sido encontrado o corpo reconhecido como o de Evandro. Não se sabe se a menina estava vestida com as roupas do menino ou se as peças encontravam-se próximas a ela.
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Caso Evandro vira série da Globoplay
A série da Globoplay nasceu do podcast “Projeto Humanos: O Caso Evandro”, de Ivan Mizanzuk. O podcast detalha o caso em 36 episódios de longa duração – alguns com mais de duas horas.
As gravações da série aconteceram em Guaratuba, local onde ocorreu o crime.
A série traz imagens de arquivo da época, depoimentos de personagens-chave da história e ambientação de cenas emblemáticas do caso.
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Os dois primeiros episódios da série documental “O Caso Evandro” estrearam no dia 13 na Globoplay, com 1 hora de duração cada.
Segundo a sinopse do primeiro, Evandro, de 6 anos, saiu de casa no dia 6 de abril de 1992 para encontrar a mãe no trabalho, mas voltou para casa quando percebeu que havia esquecido seu minigame. Desde então, ele nunca mais foi visto.
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Já o segundo diz que, durante a investigação do desaparecimento do menino, o pai de santo Osvaldo Marceneiro, confessou, na prisão, mais um caso e abalou a cidade de Guaratuba.
Os seis episódios restantes serão lançados todas as quintas na plataforma, sendo o último no dia 10 de junho.
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A produção é a primeira adaptação audiovisual de um podcast de investigação no Brasil.
~Como em um estalar de dedos uma pessoa desaparece?~#OCasoEvandro entrou para a história e virou uma série documental original. Os dois primeiros episódios estarão disponíveis, daqui a pouco, à 0h! pic.twitter.com/4pQwJJRKsu
— globoplay (@globoplay) May 13, 2021
Podcast Projeto Humanos – Caso Evandro
Ivan Mizanzuk escolheu o caso por não haver um lugar em que toda a história fosse explicada de maneira consistente, apresentando a versão de todos os lados e fazendo uma investigação profunda e imparcial.
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Ele começou a pesquisar o caso em 2015 e transformou o material em mais de 40 horas de áudio, em 2018, quando o inquérito já havia sido dado como encerrado.
O último episódio do podcast foi lançado em novembro de 2020.
Conclusão do caso Evandro
A esposa e a filha do prefeito da cidade na época, Celina e Beatriz Abagge, respectivamente; os pais de santo Osvaldo Marcineiro e Vicente de Paula; o vizinho de Osvaldo, Sérgio Cristofolini; Davi dos Santos Soares, que trabalhava em uma feira de artesanato; e o funcionário da família Abagge, Airton Bardelli, foram presos e acusados pelo crime.
O caso teve cinco julgamentos diferentes e se estendeu por mais de 20 anos. O tribunal do júri que ocorreu em 1889 durou 34 dias, tornando-se o mais longo da história do Judiciário do Brasil.
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Na época, Celina e Beatriz Abagge foram inocentadas por não existir comprovação de que o corpo encontrado era de Evandro.
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O Ministério Público recorreu e, em 2011, foi realizado um novo júri, que condenou Beatriz a 21 anos de prisão. Já Celina tinha mais de 70 anos na época e o crime já havia prescrito, portanto não foi julgada.
Novos detalhes sobre o caso
Em março de 2020, Ivan Mizanzuk publicou áudios que, segundo ele, poderiam comprovar que os sete suspeitos pelo desaparecimento e morte do menino confessaram o crime sob tortura.
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Os áudios divulgados no podcast mostram as confissões de Beatriz Abagge, Osvaldo Marcineiro, Vicente de Paula e Davi dos Santos Soares. Entre os aúdios, apenas um pedaço do depoimento de Beatriz Abagge foi anexado ao processo contra os acusados. Já os trechos usados na investigação aparecem cortados.
Sobre as condenações em relação ao caso, o Ministério Público do Paraná respondeu que as condenações dos acusados não ocorreu exclusivamente com base nas confissões. E que, em relação aos áudios, é necessário comprovação de sua autenticidade e contemporaneidade, pois uma condenação criminal só pode ser descontituída se surgir nova prova cabal que exclua a responsabilidade do condenado.
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