Lançado em 2016, o Plano Estratégico de Desenvolvimento Municipal (Pedem) de Blumenau foi celebrado à época como um importante instrumento para nortear ações que promovessem o crescimento futuro da cidade. Seis anos depois, a iniciativa agora vai passar por uma revisão dos acertos, do que não funcionou como o esperado e o que ainda precisa ser feito.

Continua depois da publicidade

> Receba notícias de Blumenau e do Vale pelo WhatsApp

Um seminário na última quarta-feira (9) marcou o pontapé inicial dessa atualização do documento. Com boa parte do PIB empresarial da cidade presente, representantes das mais diversas áreas da economia, o evento também foi uma espécie de prestação de contas.

O Pedem nasceu orientado para cinco cadeias econômicas consideradas estratégicas para o desenvolvimento municipal: Têxtil e Confecções, Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Eletrometalmecânico, Comércio e Saúde. No primeiro passo dessa revisão, fiou decidido que todos esses eixos serão mantidos, mas com alguns adendos. Saúde, por exemplo, também irá discutir ações de bem-estar. O comércio deve englobar turismo (que tinha um plano próprio), gastronomia e economia criativa. 

A partir de agora serão promovidos novos seminários temáticos, para discutir o que fazer. Embora louvável, a iniciativa ainda precisa de ajustes de rota para se constituir em uma ferramenta efetiva de desenvolvimento. No evento da última semana, houve questionamentos sobre a ausência de uma liderança central e da falta de integração entre os representantes dos eixos. 

Continua depois da publicidade

À coluna, a consultora em desenvolvimento territorial do Sebrae-SC, Maria Gorete Hoffmann, responsável pelo diagnóstico, avaliou que ainda falta organização da sociedade para que o Pedem ganhe ritmo e viabilize algumas ações (leia na entrevista abaixo). É preciso um grande envolvimento de lideranças empresariais, autoridades políticas e instituições de ensino para se alcançar os objetivos almejados, defende.

Isso não quer dizer, no entanto, que nada aconteceu nos últimos seis anos. No eixo do comércio, o projeto do Centro Vivo avançou com a revitalização da Rua Curt Hering e a concessão das praças Dr. Blumenau e Victor Konder. Na área de TIC, o Centro de Inovação saiu do papel e já está pequeno para tantos novos negócios interessados. Neste meio tempo, empresas do setor eletrometalmecânico se uniram em um projeto para produzir e fornecer máquinas e equipamentos para o segmento cervejeiro.

Com essa nova etapa de atualização em andamento, o desafio agora é colocar o Pedem efetivamente na pauta econômica da cidade. Do contrário, será apenas mais um plano com nome bonito que será esquecido em alguma gaveta.

Entrevista | Maria Gorete Hoffmann, consultora do Sebrae

“Faltou organização da sociedade para dar ritmo e viabilização de alguns pontos”

Qual é o seu trabalho dentro do Pedem?

Continua depois da publicidade

O meu trabalho é como o de um maestro. A gente levanta e organiza informações, identifica com um diagnóstico para onde o município pode ir em termos de desenvolvimento, apresenta e escuta as lideranças, entende onde está indo bem e onde está mais frágil. É estimular as pessoas a se envolverem no plano de desenvolvimento. Entender para onde o município vai é importante, como a gente vai e como quer se estruturar.

De 2016 para cá, quando o programa foi lançado, qual o balanço?

Algumas ações aconteceram, como o Centro de Inovação, o centro do Instituto Têxtil e o arranjo produtivo do (setor) cervejeiro. Foram movimentos importantes, porém poucos. Faltou organização da sociedade para dar ritmo e viabilização de alguns pontos. Esse é um ponto crítico, saber que as lideranças têm um papel importante. Não é só governo. A gente tem que olhar para as quatro hélices, que são o governo, as empresas, as instituições de apoio e as instituições de ensino. Elas têm que trabalhar juntas para viabilização dessas ações que são necessárias para o desenvolvimento do município. Para fazer uma cidade competitiva, a gente precisa que todo mundo trabalhe junto e saiba para onde se vai e quais as prioridades. O Pedem traz isso.

A integração dos setores e das lideranças empresariais e políticas envolvidas é o grande obstáculo para fazer dar certo?

É um grande desafio. A gente tem exemplos de cidades que se organizaram, em que as lideranças começaram a se reunir e a discutir o desenvolvimento do município, trazer a gestão pública junto, as entidades de apoio. Fica mais fácil. A dificuldade está em superar as vaidades e entender que a gente sozinho pode até andar mais rápido, mas com menos eficiência do que trabalhando junto, discutindo e pensando mais amplamente. Se não a gente acaba gastando muita energia para pouco resultado. Esse é um desafio grande, trabalhar as entidades e fazer elas pensarem juntas.

Continua depois da publicidade

Quais os próximos passos com a atualização do programa?

Até junho mais ou menos queremos terminar as reuniões setoriais, pensando nos eixos selecionados, planejando, revendo as ações e o que ainda é importante. Até junho a gente constrói todo o plano. Nesse período também discutimos como organizar a governança, para ela tocar esse processo. Esse é um trabalho feito para a prefeitura, com apoio do Sebrae. O município está discutindo como montar essa governança para fazer com que esse plano siga em frente. Depois de junho, as prioridades estão definidas e os planos de ação estarão feitos. Aí é colocar a mão na massa para a coisa sair do papel.

Receba notícias e análises do colunista Pedro Machado sobre economia, negócios e o cotidiano de Blumenau e região pelo WhatsApp ou Telegram

Leia também

Como a Almeida Junior construiu “um muro” em SC para dominar o mercado de shoppings

Stammtisch Blumenau 2022 já tem data para acontecer

Norte Shopping em Blumenau será ampliado, diz presidente da Almeida Junior

Nugali vence prêmio nacional de inovação com embalagem biodegradável de chocolate

Após polêmica com Oktoberfest, Blumenau e Parque Beto Carrero avaliam parceria

Cassol vai abrir segunda loja em Blumenau e projeta expansão também em Itajaí e Joinville

Ex-presidente da OAB Blumenau bate na trave em disputa por vaga de desembargador no TJ-SC

Testes com ar-condicionado nos ônibus de Blumenau começarão pelo Troncal 10

Escola Barão vai investir R$ 35 milhões para ampliar unidade em Blumenau

Obra de reurbanização da Margem Esquerda em Blumenau começa em 2023, diz prefeito

Blumenau tem planos para tradicional imóvel enxaimel em frente ao Sesi

Alemão que liderou a T-Systems em Blumenau encara o desafio da própria empresa​​​

Furb acha comprador e encaminha venda de terreno gigante em Gaspar​​​

Multinacional de TI escolhe Blumenau para ser centro da expansão no Brasil​​​

Empresa de Blumenau é vendida por R$ 85 milhões a multinacional bilionária do Canadá​​​​​​

Marca Sulfabril é vendida e deve voltar ao mercado em 2022​