Quando elegeu-se vereador, em 2016, Ricardo Alba era um oficial de Justiça e professor universitário que acabara de ganhar notoriedade nos protestos contra o PT em Blumenau. Dois anos depois, catapultado pelo bolsonarismo, conquistou impressionantes 62 mil votos para a Assembleia Legislativa — o mais votado. A candidatura a prefeito nas Eleições 2020 é o desafio mais ambicioso da carreira meteórica, e que exigirá de Alba mais do que entregou até agora nos curtos mandatos no Legislativo.
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Nenhum outro candidato blumenauense tem a imagem tão atrelada a Jair Bolsonaro como Ricardo Alba. Eleito vereador pelo PP, ele migrou para o PSL junto com o presidente e surfou a onda do 17. Embora não possa contar com manifestação de apoio do Planalto no primeiro turno e tenha distanciado-se do grupo político que circunda o presidente, o deputado tem ao lado dele o bolsonarismo raiz no município.
Alba também poderia apresentar-se como o candidato do governador, um apoio geralmente desejado em disputas municipais. Desde o primeiro dia de governo, o blumenauense procurou atrelar seu mandato à gestão Carlos Moisés, tornando-se canal preferencial de contato do Médio Vale com Florianópolis. Criou a Frente Parlamentar do Vale e liderou a Comissão Parlamentar do Idoso.
A implosão da administração Moisés, que pode nem mais ser governador no dia da votação, veio em péssima hora para os planos do deputado. É a principal fonte de incerteza da campanha.
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Com ou sem a companhia do governador, Ricardo Alba precisará mostrar que está preparado para atuar no Executivo. Como legislador, destacou-se pela estridência e também pelo interesse em polemizar pautas relacionadas à sexualidade. Fiscalizou livros infantis, engrossou a campanha contra um evento sobre gênero na Escola Elza Pacheco e propôs uma lei estadual para proibir atletas trans de disputar competições em equipes do sexo biológico oposto.
Para ser prefeito, terá de lidar com questões menos palpitantes, como a coleta de lixo, o funcionamento dos postos de saúde e a geração de empregos. Precisará demonstrar que, aos 35 anos de idade, está preparado para administrar um município complexo e conversar com todos os segmentos do eleitorado.
Na eleição municipal, esbravejar contra o rejeitado PT e a esquerda pode ser inócuo. Até porque os adversários que representam maior ameaça estão no mesmo campo ideológico de Alba e do vice, o hoteleiro Emil Chartouni.
Apesar disso tudo, Alba entra na corrida eleitoral com a segurança de quem ainda tem dois anos pela frente na Alesc. Se sair vencedor, será reconhecido como um fenômeno eleitoral. Do contrário, terá reforçado seu nome para a campanha de reeleição daqui dois anos. Não é pouca coisa.
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Os candidatos
A coluna abordará todos os candidatos a prefeito de Blumenau nas próximas semanas, conforme forem oficializados pelas convenções partidárias. Confira abaixo outros textos da série.
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