Primeiro candidato a prefeito oficializado por convenção partidária em Blumenau, Odair Tramontin apresenta-se como a novidade das Eleições 2020. O promotor de Justiça licenciado defenderá em nível local o programa político do Novo, que estreia na disputa municipal. Deve trazer pautas diferentes ao debate, mas terá de enfrentar contradições inerentes a escolhas que ele e o partido fizeram.

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Pode-se esperar de Tramontin discurso forte contra o tamanho do Estado, a burocracia e os privilégios da elite política — como o dinheiro do fundo eleitoral, que a legenda rejeita. Receituário com o qual 13 mil (6,58%) blumenauenses concordaram, há dois anos, ao votar em João Amoêdo para presidente.

O experiente promotor também empunha a bandeira do combate à impunidade. Ele foi o primeiro coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na cidade. Em 2018, chegou a ser anunciado como secretário de Segurança Pública pelo então candidato a governador Gelson Merisio (PSD), que acabou derrotado no segundo turno.

Experimentado em tribunais do júri e participações regulares em entrevistas na TV e no rádio, lançará mão da habilidade da oratória na campanha eletrônica e nos debates. Será um trunfo importante para ampliar a base de apoiadores do Novo, centrada em advogados, profissionais liberais e empresários. Nessa tarefa, pouco contribui a escolha de outro operador do Direito para vice na chapa, o advogado Darci Debastiani.

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Mas se a carreira no Ministério Público funciona como principal cartão de visitas de Tramontin, é também a maior contradição da candidatura do Novo. O partido escolheu para defender menos Estado na vida das pessoas precisamente um representante da elite do serviço público. Sempre que falar em privilégios, o promotor ouvirá cobranças pelo salário mensal de R$ 33 mil, mais verbas indenizatórias e abonos que elevam os vencimentos brutos acima da casa dos R$ 40 mil.

Tramontin, aliás, oferece aos adversários um flanco óbvio de esvaziamento do discurso sobre austeridade. Licenciado da função pública para disputar a eleição, por força da legislação eleitoral, ele permanece recebendo o salário — com a exceção de um adicional mensal de R$ 5 mil.

A depender da avaliação que o eleitor fará desta contradição, o candidato tem potencial de ameaça a adversários com maiores capilaridade e estrutura eleitoral. Caso consiga formar uma onda de apoio entre a classe média blumenauense, Tramontin pode tornar ainda mais imprevisível a briga pelas duas vagas no segundo turno.

Atualização

Nesta terça-feira (1º), Odair Tramontin contestou a coluna por informar apenas o valor do salário bruto de promotor de Justiça. Ele enfatizou que não recebe parte das verbas adicionais previstas em lei enquanto está afastado das funções. Em nome da clareza, o texto acima foi atualizado separando o salário-base das demais remunerações.

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Os candidatos

A coluna abordará todos os candidatos a prefeito de Blumenau nas próximas semanas, conforme forem oficializados pelas convenções partidárias.

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