Ana Paula Lima preserva a tradição do Partido dos Trabalhadores de lançar candidaturas próprias e marcar posição na política de Blumenau. Foi na insistência que o PT conquistou os dois mandatos de Décio Lima, entre 1997 e 2004. Porém, nas Eleições 2020, Ana Paula tem um desafio gigantesco pela frente: reverter o encolhimento eleitoral das últimas disputas.
Continua depois da publicidade
> Receba notícias de Blumenau e região direto no Whatsapp. É só clicar aqui.
A candidata petista construiu trajetória própria após os oito anos como primeira dama do município. Os quatro mandatos consecutivos na Assembleia Legislativa, onde presidiu comissões importantes, projetaram Ana Paula no Estado e, por poucos votos, não a levaram à Câmara Federal em 2018. Tem a vantagem de ser conhecida dos eleitores num pleito com recorde de candidaturas.
Mais experiente na arena política do que em 2012, quando ficou em terceiro lugar na corrida à prefeitura, fora do segundo turno, ela provavelmente terá maior desenvoltura para defender os governos do marido e projetar um futuro com o PT de volta à administração municipal.
O maior obstáculo é o gradual enfraquecimento do partido no município — ao menos em número de votos. Na eleição de 2016, Valmor Schiochet ficou em último lugar, com menos de 9 mil votos. Atrás de outros partidos identificados com a esquerda, como PCdoB e PDT.
Continua depois da publicidade
A perda de apoio tem relação com o desgaste nacional da legenda, os escândalos de corrupção e a crise econômica de 2015-2016. Mas também com a perda de prestígio do casal Lima na cidade. Estão na memória digital blumenauense as fotos dos outdoors espalhados pela região com Ana e Décio agradecendo ao governo federal pela duplicação da BR-470 e a federalização da Furb — um projeto inacabado, outro abandonado.
Pela segunda vez consecutiva, o partido sai de chapa pura, com o ex-vereador Vanderlei de Oliveira de vice. Os petistas resistiram a alianças com outras legendas — principalmente porque não abriram mão de liderar a chapa. Vão para a disputa na tentativa de eleger vereadores e recuperar a hegemonia perdida entre os eleitores de esquerda.
O PT blumenauense não é mais o mesmo da virada do século, mas continua um partido organizado, com quadros que já trabalharam na administração municipal. Numa eleição pulverizada, teria chances de chegar ao segundo turno caso integrasse uma coalizão de esquerda. Na atual situação, dentre outros 11 candidatos a prefeito, Ana Paula vai para o sacrifício pela própria sobrevivência política.
Os candidatos
A coluna abordará todos os candidatos a prefeito de Blumenau até o dia 16 de setembro, conforme forem oficializados pelas convenções partidárias. Confira abaixo outros textos da série.
Continua depois da publicidade
> Odair Tramontin é a novidade das Eleições 2020 em Blumenau, mas terá de enfrentar contradições
> Jairo Santos foi do PSTU ao bolsonarismo e agora mira a prefeitura de Blumenau
> Kleinübing disputará as Eleições 2020 com vantagens e desgastes de já ter governado
> Wanderlei Laureth entra como franco-atirador nas Eleições 2020, mas pode soar folclórico
> Ivan Naatz precisará conciliar o discurso de “nova política” com o próprio histórico
Continua depois da publicidade
> Mário Hildebrandt põe à prova um governo e a capacidade de atrair votos
> João Natel oferece moderação às Eleições 2020, mas corre o risco de passar despercebido
> Mário Kato representa a renovação da esquerda em uma cidade avessa a comunismo
> Geórgia Faust defenderá a inclusão nas Eleições 2020, com estrutura que limita ambições