Contestadas pelos derrotados, mas quase nunca pelos vencedores em pleitos passados, as pesquisas eleitorais deram mostra de exatidão nas eleições municipais 2020 em Santa Catarina ao captar as intenções de votos dos eleitores entrevistados ou antever tendências de mudança na popularidade dos candidatos. Veja a seguir nos gráficos a evolução dos candidatos e o resultado das urnas.
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A NSC Comunicação contratou 15 pesquisas para o primeiro e o segundo turnos, destinadas a avaliar as intenções de votos. Em Florianópolis, o Ibope foi responsável por três levantamentos no primeiro turno. Já em Joinville, Blumenau, Criciúma e Chapecó, a tarefa ficou a cargo do Instituto Paraná de Pesquisas. Você pode conferir todas elas neste link.
Em todos os levantamentos do primeiro turno, os resultados das urnas estiveram dentro da margem de erro da pontuação apontada nas pesquisas mais recentes. No segundo turno, o levantamento previu com precisão o resultado de Blumenau. E, em Joinville, antecipou a virada do candidato do Novo, Adriano Silva, e a recuperação de Darci de Matos (PSD), ainda que pequena e insuficiente para recuperar a vantagem.
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> Eleições 2020: confira as pesquisas em Florianópolis, Criciúma, Chapecó, Blumenau e Joinville
No cenário eleitoral, é comum a expressão de que as pesquisas são a fotografia do momento. E ao dispor o resultado delas em perspectiva é como ver um filme da evolução dos candidatos ao longo da campanha.
Confira a seguir nos gráficos a evolução dos candidatos desde o primeiro levantamento no primeiro turno, até a decisão final das urnas.
Blumenau: vantagem expressiva de Hildebrandt
Na maior cidade do Vale do Itajaí, os levantamentos do Instituto Paraná Pesquisas foram divulgados nos dias 21 de outubro e 12 de novembro, para cenários do primeiro turno (disputado em 15 de novembro), e em 23 e 28 de novembro, para avaliar as intenções de voto para o segunto turno (disputado em 29 de novembro). Em todas as pesquisas, a margem de erro foi de 4 pontos para mais ou menos.
Desde o início, os levantamentos traziam Mario Hildebrandt acima da casa dos 40% das intenções de votos válidos (excluindo brancos, nulos e indecisos). No primeiro turno, Mario obteve 42,53% nas urnas. João Paulo Kleinübing (DEM) também aparecia em segundo lugar, mas as pesquisas indicaram um movimento de redução, ainda dentro da margem de erro, nas intenções de voto do candidato.
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Ao mesmo tempo, os dados mostravam a ascensão acelerada do candidato do partido Novo, Odair Tramontin, e a estagnação do candidato do PSL, Ricardo Alba. Ambos obtiveram índices de votos válidos nas urnas bem próximos aos apontados na pesquisa às vésperas do primeiro turno.
Já na primeira pesquisa para o segundo turno, os números mostravam a distribuição dos votos de eleitores dos demais candidatos, que se dividiram entre Hildebrandt e Kleinübing. Os números dos levantamentos de 23 e 28 de novembro mostram um cenário praticamente estável, oscilando pouco dentro da margem de erro, até o resultado oficial das urnas no último domingo, quando Hildebrandt obteve 72,1% dos votos válidos e garantiu a reeleição.
Joinville: captura da ascensão de Adriano Silva
Apesar de não ser um candidato com passado político, no maior colégio eleitoral do Estado as pesquisas conseguiram antever o crescimento acelerado do representante do Novo, Adriano Silva, eleito neste domingo o próximo prefeito de Joinvlle.
Desde a primeira pesquisa do Instituto Paraná de Pesquisas, em 22 de outubro, Darci de Matos (PSD) era considerado favorito, seguido por Fernando Krelling (MDB), candidato à sucessão do atual prefeito Udo Döhler. Mas o segundo levantamento, de 13 de novembro, indicou uma acentuada ascensão de Adriano Silva (Novo), tornando, naquele momento, incerto o segundo nome que disputaria o próximo turno, devido à margem de erro, de quatro pontos para mais ou menos.
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Os dados da projeção foram confirmados na votação de 15 de novembro. E o segundo turno foi disputado entre Darci de Matos e Adriano Silva.
No primeiro levantamento para o 2º turno, do dia 23 de novembro, as intenções de voto dos demais candidatos se distribuíram entre Adriano e Darci. Mas a pesquisa da véspera do segundo turno mostrou como Darci apresentava tendência de crescimento, enquanto Adriano começou a perder força no fim da campanha. Ainda assim, a vantagem do candidato do Novo era tão expressiva que ele obteve mais de 55% dos votos válidos no último domingo.
Florianópolis: Gean Loureiro manteve vantagem inicial
Única cidade entre as três com direito a segundo turno que decidiu a eleição ainda na primeira votação, Florianópolis teve três pesquisas do Ibope, contratadas pela NSC Comunicação. A margem de erro das duas primeiras pesquisas era de 4 pontos para mais ou menos e, na pesquisa da véspera do primeiro turno, de 3 pontos.
Desde o primeiro levantamento, o candidato à reeleição, Gean Loureiro (DEM), apresentava vantagem além dos 50% + 1 voto, necessários para se eleger em primeiro turno. As intenções de voto de Gean cresceram acima da margem de erro no levantamento de 2 de novembro. Mas na pesquisa de 14 de novembro, já havia indicativo de redução na vantagem. Gean foi eleito no dia 15 de novembro com 53,46% dos votos válidos.
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Os cenários mostraram também a queda de Angela Amin (Progressistas) e o crescimento consistente de Elson Pereira (PSOL) e Pedrão (PL), no terceiro levantamento.
Chapecó: João Rodrigues despontou como favorito
As duas pesquisas do Instituto Paraná, contratadas pela NSC Comunicação, obtiveram um retrato verossímil dos resultados em Chapecó. No primeiro levantamento, em 20/10, João Rodrigues (PSD) aparecia como principal nome à prefeitura. Ele oscilou dentro da margem de erro, de quatro pontos, na segunda pesquisa e realizou nas urnas um percentual de votos válidos compatível ao que mostravam as projeções.
As pesquisas detectaram ainda a queda de Cleiton Fossá (MDB) e a aceleração de Claudio Vignatti (PSB).
Criciúma: Salvaro sustentou vantagem até o fim
Em dois levantamentos feitos pelo Instituto Paraná de Pesquisas, Clésio Salvaro (PSDB) aparecia como favorito absoluto. Na primeira pesquisa, de 19/10, ele contava com 75% das intenções de voto, com margem de erro de quatro pontos para mais ou menos. No segundo levantamento, de 11/11, oscilou para baixo, dentro da margem de erro, ficando numericamente bem próximo do que realizou nas urnas: 72,6% dos votos válidos. A segunda pesquisa também captou o início de crescimento de Anibal Dario (MDB).
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Instituto explica por que as pesquisas foram assertivas
Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas, explica que para se obter resultados mais assertivos, os levantamentos usam critérios técnicos e científicos da estatística, utilizando uma amostragem diversa que represente o retrato da população pesquisada. Se a amostragem for bem distribuída, não é necessário entrevistar um grande número de pessoas, porque uma mesma amostra reduzida pode representar os sentimentos de uma população idêntica.
O maior desafio numa eleição como esta é captar a mudança de voto rápida, porque hoje a velocidade das informações é muito rápida e a quantidade também. Isso torna mais difícil o trabalho de detectar essas viradas na intenção de votos. O sucesso das pesquisas se deve ao fato de ter captado os movimentos em cima do laço, no sábado (anterior ao dia de votação), e usar método científico. Murilo Hidalgo, Paraná Pesquisas
Para interpretar uma pesquisa adequadamente, é importante não apenas considerar o índice geral de intenções de voto, mas observar outros indicadores, como rejeição dos candidatos, índice de aprovação do prefeito atual que esteja concorrendo à reeleição ou apoiando um candidato à sucessão, sentimento do eleitor de quem ele acha que será o vencedor, independemente de quem será o escolhido dele na urna.
Um candidato com mais de 50% de rejeição, por exemplo, dificilmente conseguirá crescer ao longo da campanha. Já um candidato que tenha menos pontos no início da jornada, mas uma rejeição baixa, pode ter espaço para crescer até o dia da eleição.
Desafio extra com a pandemia
Devido à pandemia de coronavírus, esta eleição gerou impactos também para os institutos de pesquisa. Foram raros os levantamentos in loco, com entrevistadores nas ruas, para evitar exposição ao vírus das pessoas envolvidas. As pesquisas foram feitas por telefone, seguindo os mesmos critérios de definição da amostragem, que considera itens como idade, gênero, renda, localização de residência e escolaridade.
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– Não existe mais diferença entre a pesquisa de campo e telefônica. É a quebra de um tabu também. Hoje toda a população, da mais abastada à que não tem condições, todo mundo hoje tem celular, tem telefone. E a entrevista, da mesma maneira e proporção que se faz em campo se faz no telefone, só que de uma maneira muito mais ágil e mais segura para os dois lados – argumenta Hidalgo, do Paraná Pesquisas.
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